SÃO PAULO (Reuters) - A conta de luz deverá manter bandeira verde em março, o que significa que não haverá cobrança extra junto aos consumidores, em meio a uma melhor projeção de chuvas na região dos reservatórios das hidrelétricas, disseram especialistas à Reuters nesta sexta-feira.
O mecanismo das chamadas bandeiras tarifárias gera um custo adicional nas contas quando há uma menor oferta de energia das usinas hídricas, principal fonte de geração do Brasil, o que leva ao acionamento das bandeiras amarela ou vermelha.
A bandeira tem se mantido no patamar verde desde janeiro, após ficar no vermelho durante a reta final de 2017, quando havia preocupações quanto ao volume de chuvas no início deste ano e que acabaram não se concretizando.
"A previsão de vazões para março veio bem acima do esperado pelo mercado para o Sudeste... Apesar de ficar bem perto do limite para a bandeira amarela, ficaremos ainda na bandeira verde", disse à Reuters o diretor da FDR Energia, Erick Azevedo.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico disse nesta sexta-feira que as chuvas na região das hidrelétricas do Sudeste, que concentra os maiores reservatórios, devem alcançar 93 por cento da média histórica em março.
No Nordeste, segunda região mais importante em capacidade de armazenamento, a previsão é de chuvas em 58 por cento da média, contra números na casa de 20 a 30 por cento registrados há anos na região, que passa por uma longa seca.
"Nossa previsão para março é de bandeira verde", disse o sócio da comercializadora de energia Compass, Gustavo Arfux.
Ele destacou que uma questão técnica ajudou na definição da bandeira --as usinas hidrelétricas alocaram a maior parte de suas vendas de energia para o período após a época de chuvas, quando os preços em geral são mais altos, no chamado processo de "sazonalização".
"Isso resultou em uma meta de geração (para as hidrelétricas) de relativamente fácil atingimento", disse em nota a comercializadora Electra Energy, que também aposta na bandeira verde devido à influência da sazonalização sobre o mecanismo tarifário.
Além disso, a carga de energia do sistema interligado do Brasil deve avançar apenas 0,5 por cento em março na comparação com o mesmo mês do ano anterior, segundo projeção do ONS nesta sexta-feira, o que ajuda a aliviar as condições da oferta de energia pelo lado da demanda.
Segundo números preliminares da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), o consumo de eletricidade no Brasil caiu 0,7 por cento em janeiro na comparação anual e acumula baixa de 4,9 por cento até o momento em fevereiro, por questões climáticas e pelo feriado de Carnaval.
A Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) divulgará mais tarde nesta sexta-feira a bandeira tarifária vigente em março.
(Por Luciano Costa)