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Mesmo com cortes, Vale poderá ter vendas de minério em 2019 quase iguais a 2018

Publicado 28.03.2019, 14:31
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Por Marta Nogueira e Roberto Samora

RIO DE JANEIRO/SÃO PAULO (Reuters) - A mineradora Vale (SA:VALE3) poderia vender até cerca de 20 por cento menos minério de ferro que o anteriormente programado para 2019, devido aos impactos relacionados ao rompimento da barragem de Brumadinho (MG), em 25 de janeiro, que deixou mais de 300 mortos e provocou a paralisação de diversas minas da empresa.

Isso porque, no cenário "mais conservador", a companhia calcula um impacto de 75 milhões de toneladas nas vendas anuais, que anteriormente estavam estimadas em 382 milhões de toneladas em 2019, de acordo com dados apresentados nesta quinta-feira pelo diretor-executivo de Finanças e Relações com Investidores da mineradora, Luciano Siani, em teleconferência com analistas.

Se esse cenário se confirmar, as vendas ficariam praticamente estáveis ante 2018, quando atingiram cerca de 309 milhões de toneladas.

A Vale tem atualmente cerca de 93 milhões de toneladas/ano de capacidade de produção congelada, por iniciativa própria ou determinação de autoridades, enquanto há um aumento das exigências de segurança em estruturas para armazenar rejeitos de minério após a tragédia.

"Sobre retomada de produção, essa não é a prioridade da companhia, a prioridade é a segurança das operações, das pessoas e das comunidades, mas eu tenho o dever de passar para vocês estimativas", afirmou Siani, durante teleconferência após a publicação dos resultados do quatro trimestre.

Para analistas do Credit Suisse, a posição sinalizada pela Vale de colocar a produção em segundo plano é perfeitamente compreensível e sensata, mas também significa que os impactos na operação e nas vendas podem superar as expectativas do mercado.

"Por enquanto, continuamos a ver os preços do minério de ferro mais do que compensando as perdas de lucros decorrentes das perdas nos embarques", afirmaram os analistas Caio Ribeiro e Rafael Cunha, em nota a clientes.

Às 14:28, os papéis da mineradora cediam 1,63 por cento, enquanto o Ibovespa subia 2,4 por cento. No começo do pregão, as ações chegaram a avançar 2 por cento.

Em um cenário mais otimista para a companhia, Siani estimou que as vendas deste ano ficariam 50 milhões de toneladas abaixo do programado, o que permitiria negociações de 332 milhões de toneladas este ano, um crescimento de mais de 20 milhões ante 2018.

Apesar de considerar a possibilidade de um cenário "otimista", o executivo ponderou que "conservadoramente" a empresa está trabalhando com a possibilidade de impacto de 65 milhões a 75 milhões de toneladas na comercialização.

Os cortes de produção da empresa, maior produtora global de minério de ferro, têm contribuído com uma alta dos preços da commodity na China, que por sua vez acabam por reduzir impactos financeiros para a companhia.

Por razões estratégicas, o executivo afirmou que não poderia detalhar os planos para a utilização de estoques e para o ritmo de produção.

Ele detalhou, entretanto, que a oferta de "Brazilian Blend Fines", principal produto da companhia fruto de uma mistura de diferentes minérios da empresa que eleva a sua qualidade, será priorizada e mantida estável, enquanto os volumes contratuais de Carajás (Pará) serão garantidos.

Por outro lado, volumes excedentes do minério de ferro de alta qualidade de Carajás, que seriam ofertados no mercado à vista, precisarão ser consumidos em misturas, devido aos cortes de produção realizados, informou.

"A produção a seco dos demais complexos deve ser blendada com Carajás excedente que nós tínhamos neste ano, que nós íamos praticamente vender no 'spot', buscar outros mercados. Esse Carajás excedente vai absorver a produção de pior qualidade para montar o 'blend'", afirmou.

"Na prática, o que vamos ter é menos Carajás livre e uma oferta constante de Brazilian Blend; e menos produtos de nicho e também obviamente decréscimo do volume de pelotas."

RETORNO DE OPERAÇÕES

Das minas que estão paralisadas, Siani afirmou que Brucutu (sua maior produtora de Minas Gerais) poderia ter seu retorno à produção em um prazo mais curto, embora não tenha dado certeza.

"Temos muita segurança que ela vai passar em 31 de março pelos testes de segurança e que, portanto, vamos fazer um diálogo com autoridades para que possamos operar a mina de Brucutu", afirmou.

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Caso não haja sucesso com as autoridades, o executivo pontuou que irá trabalhar em uma outra solução para a disposição de rejeitos da atividade, que poderia levar ainda um pouco mais de tempo.

(Por Marta Nogueira, no Rio de Janeiro, e Roberto Samora, em São Paulo; reportagem adicional de Paula Laier, em São Paulo)

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