Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) - A Petrobras (BVMF:PETR4) reduzirá a partir de 1º de agosto o preço médio do gás natural vendido a distribuidoras em 7,1% ante o período de maio a julho, somando uma queda acumulada do insumo de 25% neste ano, informou a companhia nesta quarta-feira.
O anúncio, feito durante café da manhã da diretoria da Petrobras com jornalistas, ocorre em meio a pressões do governo federal, sobretudo do ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, para que a estatal amplie a oferta, o que permitiria uma queda dos preços do insumo no país.
O presidente da Petrobras, Jean Paul Prates, afirmou no encontro que Silveira tem "direito de fazer cobranças" sobre o gás e outros temas, mas reforçou que a companhia está "fazendo seu trabalho corretamente".
"É claro que o Brasil tem gás, mas o Brasil tem mais petróleo e nós corremos sempre atrás do petróleo. O gás, de fato, e não tem nada de feio em dizer isso, sempre foi considerado um produto colateral para nós, porque ele vem geologicamente no Brasil associado ao petróleo", afirmou Prates, pontuando que não é por isso que a empresa e outros produtores deixam de buscar monetizar o insumo "tanto quanto possível".
A diretoria da estatal também voltou a dizer no encontro que a reinjeção do gás nos poços produtores de petróleo é um processo necessário, rebatendo as acusações do ministro de que a companhia estaria "negligenciando" gás ao Brasil devido aos elevados níveis de reinjeção.
"O ministro tem que cobrar de tudo, supervisionar mineração, setor elétrico, Petrobras, tem direito de fazer cobranças, de receber informações. Vocês me conhecem, ninguém vai tirar conflito de mim assim à toa, respeito o ministro, os ministros, presidente da República", acrescentou o CEO da Petrobras.
Segundo a Petrobras, o preço da molécula de gás foi influenciado no trimestre por uma queda de 3,8% do petróleo e uma apreciação de 4,8% do câmbio.
A Petrobras anunciou recentemente a assinatura de contratos bilionários de fornecimento de gás às distribuidora Comgás (BVMF:CGAS5), SCGás e Copergás. Fontes relataram à Reuters que há outros acordos em negociação, que visam aproveitar a oferta crescente de gás nos próximos anos com a entrada em operação de projetos a partir de 2024 e 2028.
VENDA DO POLO BAHIA TERRA
Questionada sobre futuros desinvestimentos, a diretoria disse que a Petrobras não venderá mais o Polo Bahia Terra, mas que uma possível parceria não está descartada.
O desinvestimento de campos terrestres nas Bacias do Recôncavo e de Tucano estava sendo negociado com um consórcio formado por PetroReconcavo (BVMF:RECV3) e Eneva (BVMF:ENEV3).
"A gente está chamando a PetroReconcavo, temos uma boa relação com eles, é uma empresa séria, temos tido boa conversa. No sentido de 'você tem interesse ainda, o que você iria fazer comprando, vamos tentar fazer junto, fazer parceria?'", disse Prates.
"Podemos (fazer parceria com a PetroReconcavo) se interessar a eles e nos interessar. Bahia Terra é um case interessante de se analisar", acrescentou o CEO.
Na entrevista, a diretoria da empresa também anunciou que os dividendos da Petrobras no 2º trimestre serão deliberados sob uma nova regra.
(Reportagem adicional de Letícia Fucuchima, em São Paulo; Edição Alberto Alerigi Jr. e Pedro Fonseca)