Por P.J. Huffstutter
CHICAGO (Reuters) - O índice de falências no setor agrícola dos Estados Unidos saltou 20% em 2019, atingindo o maior nível em oito anos, diante da persistência dos problemas financeiros na economia agrícola norte-americana e apesar dos amplos financiamentos de "bailout" (crédito àqueles próximos da falência) pelo governo, mostraram dados da Justiça do país.
Segundo os número divulgados nesta semana pelas Cortes dos Estados Unidos, agricultores familiares entraram com 595 pedidos de recuperação judicial (Capítulo 12) em 2019, ante 498 pedidos um ano antes. Os dados mostram também que tais pedidos aumentaram constantemente ao longo dos últimos cinco anos.
Além disso, agricultores de todo o país também se aposentaram ou venderam as fazendas por causa das dificuldades financeiras, alterando os cenários de cidades do Meio-Oeste norte-americano e concentrando os negócios nas mãos de poucos.
"Um agricultor entrou em contato comigo agora, na semana passada. Ele me disse que não consegue obter financiamento para os insumos neste ano, e que não sabe o que fazer", disse Charles E. Covey, advogado especializado em falências em Peoria, Illinois.
O Capítulo 12 faz parte do código federal de recuperações judiciais, sendo projetado para que agricultores familiares e pescadores reestruturem suas dívidas. Ele foi criado durante a crise agrícola dos anos 1980 como um procedimento judicial simples para que famílias pudessem continuar trabalhando enquanto desenvolvem um plano para pagar os credores.
Segundo especialistas em recuperações judiciais e economistas do setor agrário, o aumento nos casos era --de certa forma-- esperado, uma vez que agricultores têm enfrentado batalhas comerciais, dívidas cada vez maiores, longas sequências de preços baixos das commodities e padrões climáticos voláteis.
"(Os dados) sinalizam que as coisas não mudaram de rumo", disse John Newton, economista-chefe do American Farm Bureau Federation. "Nós ainda temos incertezas de oferta e demanda. Se os preços baixos forem prolongados, eu não esperaria uma desaceleração dessa tendência."