RIO DE JANEIRO (Reuters) - O governo do Rio de Janeiro pode desistir da concessão de parte da companhia de saneamento Cedae, caso o modelo não seja visto como vantajoso, disse nesta quinta-feira o governador em exercício, Cláudio Castro.
O certame, inicialmente marcado para dezembro, foi adiado para o começo de 2021, após ajustes e audiências públicas.
Nem todos os 64 municípios atendidos pela Cedae aderiram ao modelo de concessão, mas segundo cálculos do governo, cerca de 90% da população seria contemplada com a concessão de serviços de distribuição de água e coleta e tratamento de esgoto.
A modelagem inicial, feita pelo BNDES, previa concessão de 35 anos e investimentos na casa de 30 bilhões para ampliar a rede de água e esgoto.
"Eu já cobrei ao BNDES essas respostas. O Rio já fez maus negócios por pressa e pela questão financeira e não faremos isso de novo", disse Castro a jornalistas. "Se o melhor para trazer investimento e uma melhor qualidade é fazer a concessão, faremos, mas pode não acontecer se não for a melhor modelagem e o BNDES precisa me dar respostas técnicas".
Procurado, o BNDES não se pronunciou de imediato.
A Cedae foi dada como garantia no acordo de recuperação fiscal do Estado com a União, e passa por um processo de rediscussão, após o vencimento no mês passado. O acordo suspende por 3 anos o pagamento de dívidas com a União. As discussões sobre a concessão da Cedae envolvem o Tesouro Nacional.
Castro avalia que a empresa envolve no mínimo 11 bilhões de reais, mas segundo o governador, há quem avalie que a concessão possa atingir até 25 bilhões de reais.
"Há uma discussão com o Tesouro se o Rio pode usar esse dinheiro para investimento ou irá todo para pagar dívidas", afirmou ele.
(Por Rodrigo Viga Gaier)