SÃO PAULO (Reuters) - A indústria de máquinas e equipamentos registrou nova queda na receita líquida total em junho frente a um ano antes, de acordo com dados divulgados nesta quarta-feira pela associação do setor, Abimaq.
A receita líquida total da indústria recuou 10,3% ante junho de 2022, a 24,85 bilhões de reais, enquanto o consumo aparente de máquinas e equipamentos caiu 8% na mesma base de comparação, informou a entidade. Em maio, a receita líquida do setor já tinha registrado queda de 15,6% na comparação ano a ano.
Segundo a Abimaq, a receita líquida de vendas teve alta moderada de 0,5% em junho na base sequencial, puxada pelo crescimento das vendas no mercado doméstico.
"De forma geral, a gente vê ainda um quadro negativo em relação ao ano passado, mas na ponta, uma sinalização de melhora dos números, que é o que esperamos ao longo do ano", disse a diretora-executiva de Economia, Estatística e Competitividade da Abimaq, Cristina Zanella, sobre a variação positiva mês a mês.
Ela reforçou que a entidade revisou suas projeções e agora espera queda de 3,4% no ano. No semestre, a receita total do setor acumula declínio de 8,9%.
"Existe também alguns indicadores que reafirmam nossa previsão de melhora", disse o diretor-executivo de Assuntos Jurídicos e de Financiamentos da Abimaq, Hiroyuki Sato, citando a valorização da Bolsa brasileira, do real e a expectativa de queda de juros e de aprovação da reforma tributária no Senado.
"Tudo isso nos leva a crer que o segundo semestre desse ano será melhor que o primeiro."
As importações nacionais subiram 19,4% em junho contra mesmo período no ano anterior, enquanto as exportações tiveram leve alta de 1%. Frente a maio, contudo, tanto a exportação (-21,3%) quanto importação (-12,8%) do setor recuaram.
Zanella também disse que a entidade tem olhado a medida do governo federal de liberar às companhias o uso do instrumento de depreciação acelerada já em 2024 com "bons olhos".
A medida permite que empresas deduzam de imediato da base de cálculo de tributos os investimentos em máquinas e equipamentos, com potencial impacto fiscal de 3 bilhões a 15 bilhões de reais.
"A gente acha que vai trazer resultados positivos para a indústria de máquinas... primeiro porque vai abrir renovação de investimentos para os setores que poderão ser beneficiados pela medida, e eles seriam multiplicadores de melhor atividade nos demais segmentos da economia."
(Reportagem de Patrícia Vilas Boas)