Por Marcela Ayres
BRASÍLIA (Reuters) - O Tesouro tem acompanhado com atenção o movimento de preços no mercado secundário de LFTs, com a crença de que haverá estabilização após a reprecificação em curso, disse nesta segunda-feira o coordenador-geral de Operações da Dívida, Luis Felipe Vital.
Nesse ínterim, a estratégia é reduzir colocações desses títulos flutuantes para que o Tesouro não seja fator adicional de pressão nos mercados, complementou ele, destacando que foi isso que aconteceu no leilão da última quinta-feira, quando houve redução do lote ofertado de LFTs.
Vital avaliou ainda que o cenário vigente para os papéis não decorre das incertezas fiscais, mas de um movimento de reprecificação, a exemplo do que aconteceu no passado com os papéis prefixados.
"A gente tem visto uma abertura na taxa, um aumento nas taxas, nos prêmios das LFTs, e isso basicamente reflete um fluxo vendedor maior, de forma que as taxas passam a ficar mais altas", disse ele, em coletiva de imprensa.
"Esse é um mercado extremamente importante para o Tesouro, o Tesouro tem prestado bastante atenção nos movimentos desse mercado. A gente acredita que o mercado está passando por um movimento de reprecificação e que em algum nível ele deve se estabilizar."
Questionado se o nível atual da Selic --em sua mínima histórica de 2% ao ano-- não estaria contribuindo para essas mudanças no mercado secundário de LFTs, Vital afirmou que o fato de a taxa básica de juros estar no seu piso histórico não impede que o mercado precifique um prêmio em cima dos títulos.
"Estamos vendo mercado mais vendedor de LFT e isso faz com que esse prêmio acima da Selic tenha aumentado ou esteja aumentando ao longo das últimas semanas", afirmou.
"Acontecendo um movimento natural de precificação, esse prêmio vai chegar num patamar onde ele encontra compradores. E aí deve equilibrar esse mercado."
Sobre o colchão de liquidez da dívida, Vital afirmou que ele segue superior ao limite prudencial de três meses e que o Tesouro trabalha para mantê-lo sempre acima desse patamar em todos os cenários possíveis.
Após a participação dos investidores estrangeiros na dívida ter crescido em agosto, Vital afirmou que essa entrada pareceu ter sido mais pontual do que um fluxo consistente, e que um movimento mais perene depende "claramente" de um avanço na consolidação fiscal.