Por Ana Mano
SÃO PAULO (Reuters) - A trading de commodities Gavilon do Brasil, subsidiária no país do conglomerado japonês Marubeni, está sofrendo uma auditoria da Receita Federal, disseram duas fontes sob a condição de anonimato por se tratar de um tema confidencial.
Em 17 de maio, dois auditores da Receita estiveram na sede da empresa em São Paulo, segundo uma das fontes, que acrescentou que eles estariam revisando os livros da empresa a partir de 2016.
A segunda fonte afirmou que a auditoria está relacionada a impostos que a Gavilon teria direito de recuperar por ser uma grande exportadora, mas recusou-se a fornecer detalhes.
A Gavilon do Brasil está entre as exportadoras de soja que mais cresceu no Brasil nos últimos anos, segundo dados da empresa de serviços marítimos Cargonave.
A norte-americana Gavilon Agriculture Investment, da qual a Gavilon do Brasil é uma subsidiária indireta, disse à Reuters que não comentaria se está ou não sob investigação da Receita.
Em um comunicado, a empresa afirmou que "auditorias relacionadas a impostos são uma parte normal dos negócios, e a Gavilon monitora e responde a essas questões oportunamente".
A Receita Federal se recusou a comentar o assunto, citando leis de sigilo fiscal.
A auditoria na Gavilon ocorre após as saídas de seu gerente-geral e de seu controller, no início deste mês, a segunda mudança em posições importantes de comando no Brasil neste ano.
De acordo com a segunda fonte, um substituto para o gerente-geral ainda não foi anunciado.
O representante da Gavilon nos Estados Unidos declarou que eventuais auditorias atuais e passadas da empresa no Brasil "não estão relacionadas a questões laborais".
A Marubeni não respondeu a um pedido por comentários.
Dado o status especial de exportadores na legislação brasileira, não é incomum que grandes tradings passem por análises minuciosas das autoridades fiscais.
Em fevereiro, a unidade local da Cargill venceu um recurso jurídico, cancelando uma multa tributária de 10 bilhões de reais relacionada a alegadas irregularidades em seus contratos de exportação de grãos.
A Gavilon embarcou 4,64 milhões de toneladas de soja do Brasil em 2018, de acordo com a Cargonave, mais de 20 vezes o que embarcara há apenas três anos.
O rápido crescimento da trading acirrou a concorrência no mercado, em meio à forte demanda da China pela soja do maior exportador mundial da oleaginosa. Quase 93% da soja exportada pela Gavilon a partir do Brasil no ano passado teve a China como destino, segundo a Cargonave.
Em entrevista concedida em agosto, o ex-gerente geral da Gavilon do Brasil disse que a empresa planejava exportar cerca de 10 milhões de toneladas de soja anualmente dentro de três anos.
(Reportagem de Ana Mano)