Por Marta Nogueira
RIO DE JANEIRO (Reuters) -A Unigel está confiante de que poderá encontrar solução junto à Petrobras (BVMF:PETR4) que permita viabilizar as operações de sua fábrica de fertilizantes nitrogenados em Camaçari, na Bahia, e reverter aviso prévio já concedido aos trabalhadores da unidade, informou a companhia em nota à Reuters nesta segunda-feira.
A afirmação vem após o sindicato que representa os trabalhadores, Sindiquímica Bahia, ter informado sobre notificação recebida pela Proquigel, unidade da Unigel que opera a fábrica, de que a fábrica seria fechada e 384 trabalhadores demitidos.
A Proquigel, segundo o sindicato, está operando a unidade da Unigel de forma deficitária desde o fim de 2022, "especialmente em razão do alto custo do gás natural fornecido pela Petrobras, que torna o preço final dos fertilizantes impraticável face aos preços praticados no mercado internacional".
"A Unigel informa que continua em negociação com a Petrobras para viabilizar a operação da Unigel Agro Bahia", disse a Unigel à Reuters, sem entrar em detalhes sobre o que está sendo negociado.
"Estamos confiantes que chegaremos em uma solução que seja boa para ambas as partes. O envio do aviso prévio aos funcionários é uma medida protetiva, que pode ser revertida a qualquer momento no período de 30 dias."
Procurada, a Petrobras reiterou em nota que assinou em junho passado um acordo de confidencialidade com a Unigel com o objetivo de buscar oportunidades em fertilizantes, hidrogênio verde e iniciativas de baixo carbono, sem nenhuma decisão até o momento.
"As empresas vêm conversando sobre estas oportunidades, sendo o contrato de industrialização por encomenda ("tolling") umas das discussões em andamento", disse a Petrobras, sem entrar em detalhes.
A fábrica de fertilizante foi arrendada pela Petrobras em 2020 para a Unigel por 10 anos, junto com a unidade de Laranjeiras, em Sergipe.
Enquanto a unidade da Bahia está fora de operação, a de Sergipe "continua operando normalmente", segundo a Unigel. Em agosto, a companhia havia afirmado que retomaria a produção no local.
"Nos últimos meses, a diretoria do Sindiquímica já vinha buscando o diálogo com representantes da Petrobras, do governo da Bahia e do governo federal, cobrando o retorno das operações da fábrica e a garantia da manutenção dos postos de trabalho", disse o sindicato em nota publicada em seu site.
As fábricas de fertilizantes, segundo o Sindiquímica Bahia, também têm sido afetadas por uma queda dos preços da ureia comercializada por empresas estrangeiras no país, "tornando a concorrência inviável".
O Sindiquímica Bahia afirmou que está buscando, junto à assessoria jurídica e a mobilização da esfera política, a cobrança por soluções que possam garantir a manutenção dos postos de trabalho e a renda das famílias de trabalhadores.
(Por Marta Nogueira; edição de Roberto Samora)