Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa fechou em alta pela segunda sessão consecutiva nesta terça-feira, respaldado por Wall Street e com bancos privados entre os principais suportes positivos, enquanto Petrobras atenuou o ganho em meio à queda dos preços do petróleo.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa subiu 1,37%, a 79.918,36 pontos, em sessão também marcada por ajustes antes dos vencimentos de opções sobre o índice e do Ibovespa futuro, que acontecem na quarta-feira. Em abril, a alta alcança 9,45%, mas no acumulado do ano o desempenho ainda está negativo em 30,9%. O volume financeiro nesta terça-feira alcançou 21,2 bilhões de reais.
Em Nova York, o S&P 500 fechou em alta de 3%, em meio a expectativas de alívio nas medidas de restrições para combater a disseminação do coronavírus. Três Estados na costa oeste dos EUA, liderados pelo governador da Califórnia, e sete na costa leste, liderados pelo governador de Nova York, afirmaram na véspera que desenvolverão planos coordenados de reaberturas regionais.
"Foi mais um dia de alta nos mercados com a continuidade da desaceleração de casos nas principais economias do mundo", acrescentou o gestor Ricardo Campos, sócio na Reach Capital, destacando ainda dados chineses de comércio exterior.
Na China, as exportações caíram 6,6% em março sobre o ano anterior, melhorando ante a queda de 17,2% no bimestre de janeiro e fevereiro. Economistas projetavam queda de 14% dos embarques em março.
Pesquisa com gestores de fundos na América Latina feita pelo Bank of America sugeriu que as ações no Brasil podem ter chegado ao fundo do poço, com a maioria dos participantes esperando que o Ibovespa feche o ano acima de 80 mil pontos.
DESTAQUES
- BRADESCO PN (SA:BBDC4) e ITAÚ UNIBANCO PN avançaram 1,1% e 1,25%. Analistas do BTG Pactual (SA:BPAC11) reduziram previsões para os lucros dos grandes bancos brasileiros, bem como os preços-alvos das ações, ressaltando que as instituições financeiras estão "bem equipadas" para enfrentar a crise desencadeada pela pandemia de coronavírus, mas que os resultados devem ser mais afetados do que em turbulências anteriores. BANCO DO BRASIL ON (SA:BBAS3) cedeu 0,1%.
- BRASKEM PNA (SA:BRKM5) disparou 28,67%, tendo de pano de fundo relatório do Morgan Stanley (NYSE:MS) que elevou recomendação das ações para 'overweight', embora tenham reduzido o preço-alvo para 26,20 reais. Eles destacam que os ventos no setor petroquímico mudaram rapidamente, e que os spread dobraram em meio à demanda resiliente por embalagens e plásticos médicos. "O baixo preço do petróleo cria impulso para os 'crackers' de nafta da Braskem e a companhia se beneficia de um real fraco".
- HAPVIDA ON e INTERMÉDICA ON valorizaram-se 7,94% e 9,94%, respectivamente, com papéis do setor de saúde entre os destaques positivos. Até a véspera, o Ministério da Saúde havia divulgado alguma desaceleração em novos casos de Covid-19, mas nesta terça-feira os dados voltaram a piorar, com 204 mortes pelo novo coronavírus em 24 horas, o maior número diário desde o início do surto no país, totalizando 1.532 óbitos em decorrência do vírus.
- IRB BRASIL (SA:IRBR3) RE fechou em alta de 15,30%. A Eleven Financial reiterou compra na ação, neste caso para 'swing trade' (operação de alguns dias ou semanas), citando que além da ótica do fundamento, o gráfico sinaliza uma volta do fluxo com uma reversão de tendência de curto prazo.
- PETROBRAS PN (SA:PETR4) caiu 1,18% e PETROBRAS ON (SA:PETR3) recuou 0,69%, com desempenho enfraquecido pelo declínio dos preços do petróleo no mercado externo. Perspectivas de menor demanda têm derrubado os preços da commodity e também pesam sobre ULTRAPAR ON (SA:UGPA3), que caiu 2,96%.
- VALE ON (SA:VALE3) fechou com variação negativa de 0,09%.