Por Senad Karaahmetovic
As ações do Walmart (NYSE:WMT) (BVMF:WALM34) recuavam 12% antes da abertura às 9h24 (horário de Brasília) em Nova York nesta terça-feira, após a varejista cortar sua perspectiva de lucro para todo o ano, à medida que a inflação recorde nos EUA continua pesando sobre os gastos dos consumidores.
Agora, a expectativa do Walmart é que seu lucro por ação ajustado (LPA) para o 2º tri e todo o ano caia cerca de 8-9% e 11-13%, respectivamente. Em sua projeção anterior, a companhia esperava registrar um LPA estável ou levemente maior no 2º tri e um recuo de cerca de 1% em todo o ano.
O Walmart disse que os custos maiores com bens e serviços provocaram uma mudança significativa nos hábitos de compra dos consumidores, que agora gastam mais com itens básicos, como alimentos, e menos com aparelhos eletrônicos e vestuário. Com isso, o estoque do Walmart teve um considerável aumento, forçando a companhia a conceder descontos em itens com demanda em baixa.
A mudança nos gastos dos consumidores ocorre no momento em que a inflação segue perto da máxima de quatro décadas nos EUA, impulsionando os preços de bens e serviços. Por isso, os consumidores ficaram mais cautelosos em gastar seu dinheiro, focando mais em itens de maior necessidade, como alimentos.
O Walmart é geralmente visto como um bom indicador da saúde da economia e disse que mais clientes estão visitando suas lojas para encher a geladeira e a despensa, reduzindo fortemente os gastos com mercadorias gerais.
A companhia disse que sua expectativa é que as vendas nas mesmas lojas no 2º tri nos EUA aumentem cerca de 6%, excluindo combustíveis, uma alta em relação à previsão anterior de aumento de 4-5%.
“Os níveis maiores de inflação de alimentos e combustíveis estão afetando a forma como os clientes gastam e, apesar de termos progredido bem na liquidação de categorias de produtos pessoais, o vestuário no Walmart EUA está exigindo mais descontos”, declarou o CEO Doug McMillon.
Um analista do Piper Sandler está “preocupado com as pressões de curto prazo no consumo”. Assim, o analista reiterou sua visão abaixo do consenso.
“Acreditamos que ainda é cedo demais para adotar um posicionamento mais otimista com WMT/TGT e aguardamos uma redefinição mais ampla das expectativas de resultados. O valuation de ~22x o LPA do ano-calendário de 2023 é bastante elevado, em vista do difícil ambiente de varejo”, disse ele aos clientes.
No entanto, o analista espera ver “grandes reduções das projeções no setor, com uma fraqueza mais pronunciada em varejistas/marcas com foco em consumidores de renda baixa e média.”
De forma geral, ele prefere a Target (NYSE:TGT), “em razão da sua exposição a consumidores de alta gama”.
Uma analista do Goldman Sachs (NYSE:GS) (BVMF:GSGI34) não ficou surpresa com a notícia, já que conversas com investidores mostraram que já era previsto um corte nas estimativas do Walmart. Ela rebaixou o preço-alvo do Walmart para US$ 135.
“Reconhecemos que a melhora do perfil de lucratividade da companhia levará mais tempo para gerar resultados, mas reiteramos nossa recomendação de compra em WMT, dadas as fortes tendências de faturamento, com respaldo em ganhos de participação de mercado. As pressões adicionais de custo são temporárias, com sólida visibilidade de melhora, e o algoritmo de longo prazo (+4% de faturamento e crescimento ainda maior do lucro operacional) continua intacto", ressaltou a analista.