SÃO PAULO (Reuters) - As ações da XP Inc (NASDAQ:XP). chegaram a despencar quase 22% nesta sexta-feira, na esteira de resultado marcado por queda de 21% no lucro do quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano anterior, bem como declínio na rentabilidade sobre o patrimônio na base trimestral.
A XP (BVMF:XPBR31) afirmou que o quarto trimestre normalmente se beneficia da performance de tarifas e um mercado de capitais mais ativo, mas que em 2022 a polarizada eleição no Brasil e a Copa do Mundo quebraram esse padrão histórico.
Entre as principais conclusões da teleconferência sobre o balanço que contou com o diretor financeiro da plataforma de investimentos, Bruno Constantino, os analistas do UBS BB (BVMF:BBAS3) liderados por Thiago Batista citaram que os resultados da XP devem ser fracos no primeiro trimestre de 2023 e melhorar ao longo do ano.
Também disseram que provisões relacionadas à Americanas afetarão negativamente os resultado de janeiro a março deste ano, com um efeito de cerca de 125 milhões de reais no lucro líquido, e que as projeções da XP para 2023 implicam crescimento de receita de um dígito.
Às 15:47, os papéis da XP, que são listados em Nova York, desabavam 18,22%, a 13 dólares. No pior momento, chegaram a dólares. No pior momento, chegaram a 12,4 dólares (-21,96%) distante dos 27 dólares precificados no IPO em 2019 e da máxima intradia histórica do papel de 53,08 dólares em 2021.
Analistas do Credit Suisse (SIX:CSGN) cortaram a recomendação das ações para "underperform" após o balanço, bem como reduziram o preço-alvo de 27 dólares para 15 dólares, avaliando que as perspectivas para a XP "permanecem muito desafiadoras" e é o momento de uma mudança na estratégia da companhia.
"O ambiente de juro mais alto por mais tempo está provando ser um grande desafio para o modelo de negócio da XP, cujo efeito é ainda mais exacerbado por uma reestruturação corporativa necessária, mas complexa e altamente desgastante", afirmaram Marcelo Telles e Daniel Vaz, em relatório.
Analistas do BTG Pactual (BVMF:BPAC11) avaliaram que a deterioração nos números ocorreu mais rápido do que o esperado e disseram que "foi ruim não ter o presidente Thiago Maffra ou o presidente do conselho de administração/acionista controlador Guilherme Benchimol na teleconferência de um relatório anual tão importante".
Eles acrescentaram que se a XP quiser aumentar seu 'pool' de lucros precisará se tornar mais um banco de investimento e menos uma "corretora pura". "Essa transição não será fácil, tornando um bom modelo de 'partnership' ainda mais crucial à medida que assume mais riscos e se torna mais intensivo em capital."
Eduardo Rosman e equipe afirmaram estar preocupados com mudanças contínuas no modelo de "partnership", que também podem prejudicar a capacidade da XP de integrar/reter talentos/parceiros. "Um modelo de 'partnership' bom e confiável é fundamental."
A XP projetou despesas totais, excluindo incentivos, neste ano entre 5 bilhões e 5,5 bilhões de reais ante 5,6 bilhões em 2022, enquanto estimou que o lucro líquido em 2023 fica entre 3,8 bilhões e 4,4 bilhões de reais, avançando entre 6% e 23% sobre o ano passado.
Analistas do Goldman Sachs (NYSE:GS), que também consideraram os resultados fracos, avaliaram como um aspecto positivo a XP ter reconhecidos os "ventos contrários" na receita e enviado uma mensagem benigna sobre as despesas com vendas, gerais e administrativas, conforme relatório a clientes.
Na visão da equipe do BTG Pactual, um limite mais rígido para os custos é ótimo, mas eles ponderaram que pode ser tão radical que prejudicaria a moral da empresa.
(Por Paula Arend Laier)