Por Colin Packham
SYDNEY (Reuters) - Quatro gigantes globais de tecnologia - Facebook (NASDAQ:FB), Apple (NASDAQ:AAPL), Alphabet (NASDAQ:GOOGL) e Amazon (NASDAQ:AMZN) - vão se opor a uma lei australiana que as obrigaria a dar acesso aos dados criptografados privados vinculados a suspeitas de atividades ilegais, disse um grupo de lobby da indústria na quarta-feira.
A Austrália propôs em agosto multas de até 7,2 milhões de dólares norte-americanos para instituições e prisão para indivíduos que não atenderem solicitação da justiça para dar às autoridades acesso a dados privados.
O governo disse que a lei proposta é necessária em meio a um risco maior de ataques terroristas.
Visto como um caso precedente já que outras nações estão explorando leis semelhantes, o Facebook, a Alphabet, a Apple e a Amazon farão lobby junto a legisladores para alterar o projeto de lei antes da votação parlamentar prevista para algumas semanas.
"Qualquer tipo de tentativa das agências de interceptação, como são chamadas na lei, de criar ferramentas para enfraquecer a criptografia é um grande risco para nossa segurança digital", disse Lizzie O'Shea, porta-voz da Aliança para uma Internet Segura e Protegida.
Ela disse que as quatro empresas confirmaram participação no lobby para alterar a legislação.
Representantes das quatro empresas não responderam imediatamente aos pedidos de comentários.
Uma porta-voz do ministro de Assuntos Internos da Austrália, que está supervisionando a legislação, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.
Se o projeto se tornar lei, a Austrália será uma das primeiras nações a impor amplas exigências de acesso às empresas de tecnologia, embora outras estejam prontas para fazer o mesmo.
As chamadas nações Five Eyes, que compartilham informações de inteligência, disseram no mês passado que exigiriam acesso a emails criptografados, mensagens de texto e comunicações de voz por meio de legislação.
A rede de inteligência Five Eyes, composta por Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Austrália e Nova Zelândia, alertou repetidas vezes que a segurança nacional está em risco, já que as autoridades não podem monitorar a comunicação de suspeitos.
As empresas de tecnologia se opuseram fortemente aos esforços para criar o que consideram uma cópia dos dados do usuário, um impasse levado para a arena pública pela recusa da Apple em desbloquear um iPhone usado por atirador responsável por um tiroteio em 2015 na Califórnia.
Frustrados com o impasse, muitos países estão avançando com a legislação, com a Nova Zelândia sendo a mais recente a apertar a supervisão sobre o acesso à comunicação online.
A Nova Zelândia disse na terça-feira que os oficiais da alfândega agora têm autoridade para obrigar os visitantes a entregar senhas para seus aparelhos eletrônicos. Os turistas que se recusarem podem enfrentar multas de 3.292 dólares norte-americanos.