Por Andreas Rinke e Augustin Turpin
BERLIM/PARIS (Reuters) - O principal candidato do maior partido de extrema-direita da Alemanha para as eleições ao Parlamento Europeu se afastou da campanha da legenda nesta quarta-feira para tentar reprimir a reação negativa após declarar que na SS, a principal força paramilitar do regime nazista, "não eram todos criminosos".
Maximilian Krah disse em um comunicado que não participará de futuros eventos de campanha e também se demitiu da equipe de liderança do partido Alternativa para a Alemanha (AfD) com efeito imediato.
A mudança ocorre no momento em que a líder da extrema-direita francesa, Marine Le Pen, anunciou que seu partido está "rompendo" com a AfD, sugerindo que o partido alemão havia se tornado um aliado muito tóxico antes das eleições europeias de junho.
As pesquisas sugerem que os partidos nacionalistas e eurocéticos conquistarão um número recorde de votos. Espera-se que os eleitores punam os partidos tradicionais por não conseguirem proteger as famílias da alta inflação, conter a imigração ou oferecer moradia e saúde adequadas.
Krah disse que "as minhas declarações estão sendo usadas indevidamente como pretexto para prejudicar o nosso partido. A última coisa de que precisamos agora é um debate sobre mim. A AfD deve manter sua unidade".
A liderança graduada da AfD, que chegou a ser o segundo partido mais popular da Alemanha, mas tem caído nas pesquisas nas últimas semanas, ainda não comentou publicamente.
Em uma entrevista publicada no último fim de semana, Krah disse ao jornal italiano La Repubblica que "na SS não eram todos criminosos".
A SS, ou "Schutzstaffel", foi a principal força paramilitar do partido nazista de Adolf Hitler e, entre suas muitas funções, teve um papel de liderança no Holocausto, o massacre de 6 milhões de judeus e outros grupos visados pelos nazistas.
O incidente parece ter sido decisivo para Le Pen, que, em uma entrevista de rádio nesta quarta-feira, acusou a AfD de não ter rumo e de estar atrelada a elementos radicais internamente.
"Agora não é mais hora de nos distanciarmos, é hora de romper com esse movimento", disse ela na rádio Europe 1.
O rompimento ocorre em um momento em que a AfD tem sido submetida a um intenso escrutínio sobre suas políticas e a conduta de algumas figuras importantes.
A decisão de Le Pen pode testar a busca da extrema-direita por um forte desempenho eleitoral e pode colocar mais pressão sobre a AfD internamente.
((Tradução Redação São Paulo, +55 11 5047-3075)) REUTERS FC ES