Por Michelle Nichols
NAÇÕES UNIDAS (Reuters) - O chefe da Organização das Nações Unidas (ONU), António Guterres, declarou nesta sexta-feira que não há alternativa à agência de refugiados Palestinos UNRWA, e 118 países apoiaram a entidade como indispensável, em meio a crescentes esforços de Israel para desmantelá-la.
A agência da ONU fornece educação, atendimento de saúde e auxílio para milhões de palestinos na Faixa de Gaza, Cisjordânia, Jordânia, Síria e Líbano. Desde o início da guerra entre Israel e o grupo militante palestino Hamas em Gaza, há nove meses, autoridades da ONU lembram que a UNRWA é a espinha dorsal das operações de ajuda humanitária.
“Meu apelo para todos é este: protejam a UNRWA, protejam a equipe da UNRWA e protejam o mandato da UNRWA, inclusive por meio do financiamento”, afirmou Guterres em uma conferência de doadores em Nova York. “Deixem-me ser claro: não há alternativa à UNRWA.”
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, pede há tempos que a agência seja dissolvida, acusando-a de praticar incitação anti-Israel. Atualmente, o Congresso do país considera a UNRWA uma organização terrorista.
Vários países interromperam o financiamento à agência após acusações de Israel de que alguns membros de sua equipe estiveram envolvidos no ataque de 7 de outubro contra Israel, ato que provocou a guerra na Faixa de Gaza. A maioria dos doadores já retomaram as doações, e a ONU conduz uma investigação interna sobre o ocorrido.
Até agora, 195 membros da organização já morreram no conflito na Faixa de Gaza: “A UNRWA também está sendo atingida de outras formas. A equipe tem sido alvo de protestos cada vez mais violentos e campanhas virulentas de desinformação”, disse Guterres.
“Algumas pessoas foram detidas pelas forças de segurança de Israel e, em seguida, reportaram mau tratamento e até tortura”, acrescentou.
A UNRWA foi criada pela Assembleia Geral da ONU em 1949, após a primeira guerra árabe-israelense. O embaixador da Jordânia nas Nações Unidas, Mahmoud Daifallah Hmoud, afirmou nesta sexta-feira que 118 países assinaram uma declaração conjunta apoiando a agência e seu trabalho.
(Reportagem de Michelle Nichols)