Por Mark Hosenball e Joshua Franklin
WASHINGTON/ZURIQUE (Reuters) - Dirigentes de futebol das Américas do Sul e Central estão entre as 16 pessoas indiciadas nesta quinta-feira por esquemas de propina, envolvendo milhões de dólares, relacionados com direitos de marketing e transmissão, num desmonte da rede de comando do futebol da América Latina, parte de uma ampla investigação sobre a corrupção no esporte.
Documentos judiciais mostraram que foram indiciados os presidentes da Conmebol e da Concacaf, dirigentes da Fifa, o atual e um antigo presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
Rafael Callejas, ex-presidente de Honduras, e Héctor Trujillo, juiz do tribunal constitucional da Guatemala, foram citados no indiciamento. Uma fonte judicial disse que Trujillo estava de férias nos Estados Unidos. Callejas, que também é ex-chefe da federação de futebol de Honduras, afirmou que estava pronto para se defender no tribunal.
O presidente em exercício da Concacaf, Alfredo Hawit, de Honduras, e o presidente da Conmebol e vice-presidente da Fifa, Juan Ángel Napout, do Paraguai, foram presos numa ação antes do amanhecer pela polícia suíça num hotel em Zurique, perto da sede da Fifa, entidade sob turbulência desde a primeira rodada de indiciamentos e prisões em maio.
A procuradora-geral dos Estados Unidos, Loretta Lynch, afirmou à imprensa em Washington que a corrupção se tornou profundamente enraizada no negócio do futebol. Sobre Trujillo, da Guatemala, ela disse que ele "pretensamente fazia justiça durante o dia, enquanto supostamente pedia propinas e vendia a sua influência na Fifa".
"A traição de confiança apresentada é verdadeiramente revoltante, e a escala da corrupção alegada aqui é inconcebível", afirmou Lynch.
Autoridades dos EUA disseram que estavam progredindo na investigação e apontaram as oito pessoas que, desde as prisões de maio, concordaram em se declarar culpadas.
Os EUA são membros da Concacaf, e foi um antigo dirigente do futebol norte-americano, Chuck Blazer, que se tornou uma importante testemunha após secretamente se declarar culpado em 2013. Blazer foi secretário-geral da Concacaf e membro do Comitê Executivo da Fifa.
A federação de futebol norte-americana declarou num comunicado sobre as novas acusações que a Copa América de 2016, que o país vai sediar, iria ocorrer como planejado. A federação disse que o comitê criado para organizar o torneio "não inclui esses indivíduos, e eles nunca estiveram numa posição de tomar decisões que resultariam em impacto adverso" para a competição.
BRASILEIROS INDICIADOS
O novo indiciamento identificou o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, e o ex-presidente Ricardo Teixeira como réus. Teixeira é ex-genro de João Havelange, presidente por muito tempo da Fifa. Em 2012, promotores suíços declararam que Teixeira e Havelange receberam milhões de dólares em propinas na decisão dos direitos de marketing sobre Copas do Mundo.
O Departamento de Justiça afirmou que 27 pessoas foram indiciadas desde maio, acusadas de manter esquemas montados para pedir e receber mais de 200 milhões de dólares em propinas e para vender direitos de marketing e mídia sobre torneios e partidas.
O ex-presidente da federação do Panamá, Ariel Alvarado, está entre os acusados, de acordo com o indiciamento. Ele liderou a federação de 2000 a 2011, serviu na Concacaf e foi do comitê disciplinar da Fifa.
Os argentinos José Luis Meiszner e Eduardo Deluca, atual e ex-secretário-geral da Conmebol, também foram indiciados. A Conmebol disse que iria "continuar cooperando sempre com as investigações das autoridades e que vai continuar aprofundando reformas administrativas".
A Concacaf disse que os acontecimentos fortaleciam a sua "determinação para continuar a implementar mudanças administrativas e estruturais significantes".
A Fifa declarou que continuaria a cooperar com as autoridades norte-americanas e suíças. OLBRSPORT Reuters Brazil Online Report Sports News 20151203T223951+0000