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ESTREIA-Irmãos Taviani homenageiam Renascentismo e amor em “Maravilhoso Boccaccio”

Publicado 04.05.2016, 16:10
Atualizado 04.05.2016, 16:20
ESTREIA-Irmãos Taviani homenageiam Renascentismo e amor em “Maravilhoso Boccaccio”
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SÃO PAULO (Reuters) - Não é a primeira vez e, provavelmente, não será a última que o cinema italiano se volta a esta obra-prima de sua literatura nacional.

Giovanni Boccaccio já foi revisitado nas telas, em uma visão moderna, por Vittorio De Sica, Federico Fellini, Mario Monicelli e Luchino Visconti em “Boccaccio '70” (1962), enquanto seu primoroso livro “Decamerão” ganhou sua mais famosa versão com Pier Paolo Pasolini, inspirando-se no espírito subversivo do livro, no homônimo filme de 1971. Agora, são os irmãos Paolo e Vittorio Taviani que adaptam a grande coleção de novelas do autor, preferindo a homenagem à obra e ao seu tempo, em uma ode ao amor e à arte.

Em seu “Maravilhoso Boccaccio”, os cineastas escolheram cinco das 100 histórias do conjunto, sendo fiéis à figura dos narradores originais do texto: dez jovens, mulheres em sua maioria, junto com os namorados de algumas delas, que abandonaram a Florença de 1348, devastada pela peste negra, para fugir da doença e do clima de terror na cidade.

Isolados no interior, eles combinam que cada um se encarregará de contar um conto por dia, a fim de se entreterem com casos de amor, luxúria e malandragem durante a terrível quarentena.

O primeiro deles é sobre Catalina (Vittoria Puccini), que, ao sofrer da peste, é afastada do marido (Flavio Parenti) e acaba falecendo. Ainda assim, é objeto de uma busca redentora do apaixonado Gentile Carisendi (Riccardo Scamarcio). Na sequência, o ingênuo Calandrino (Kim Rossi (SA:RSID3) Stuart) vira alvo de zombaria de dois jovens, junto com toda a vila, que o fazem acreditar que uma pedra é capaz de torná-lo invisível.

A terceira trama traz a jovem e recém-viúva Ghismunda (Kasia Smutniak), sendo alvo da exagerada proteção do pai (Lello Arena) quando se apaixona pelo pobre ferreiro da região, Guiscardo (Michele Riondino).

A mais engraçada delas mostra uma abadia onde o flagra das freiras ao surpreenderem a Irmã Isabetta (Carolina Crescentini) na cama com um homem coloca em xeque os segredos da própria Abadessa Usimbalda (Paola Cortellesi).

Fechando com um toque triste, mas com uma moral muito bela, vem a agridoce trajetória de Federico degli Alberighi (Josafat Vagni), sempre acompanhado por seu inseparável falcão, colocado à prova ao reencontrar a viúva Giovanna (Jasmine Trinca), seu antigo amor, agora com um filho doente ao lado.

Os irmãos octogenários, de obras como Pai Patrão (1977), repetem a inspiração nos clássicos vista em seu trabalho anterior, o ótimo docudrama vencedor do Urso de Ouro em Berlim, César Deve Morrer (2012). Explorando bem a metalinguagem, a dupla usou, na ocasião, prisioneiros reais para darem vida ao grupo de detentos que realiza uma montagem de Júlio César, de Shakespeare, em uma prisão de segurança máxima italiana, cujos ensaios são o centro do longa.

Se o limite da situação servia lá para mostrar como homens capazes de atos horríveis também são hábeis utilizadores da beleza da arte, o tema aqui é retomado de outra maneira: na proximidade do fim – não só da morte em si – despertando o que há de melhor e pior no ser humano, além da exaltação dos esforços artísticos como forma de perpetuação.

O problema em “Maravilhoso Boccaccio” é que a ligação com a atualidade perde sua clareza para o público, com a personificação extremamente dramática dos narradores como um grupo uniforme encenando o horror da peste, o que esvazia o poder de identificação com o espectador.

Os Taviani adotam um visual renascentista nesta fotografia, novamente assinada por Simone Zampagni, com a câmera fixa e a luz adentrando seus enquadramentos para torná-los semelhantes às telas de Rafael e tantos outros expoentes do Renascentismo. Apesar da beleza e das cores dos quadros cinematográficos, a escolha dos diretores retira a “sujeira” da agilidade, ironia e sensualidade presentes no texto original, tornando “Maravilhoso Boccaccio” uma bela homenagem, mas não uma releitura com o mesmo vigor e crítica da obra em que se inspira.

(Por Nayara Reynaud, do Cineweb)

* As opiniões expressas são responsabilidade do Cineweb OLBRENT Reuters Brazil Online Report Entertainment News 20160504T190958+0000

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