Por Nidal al-Mughrabi e Fadi Shana
CAIRO/GAZA (Reuters) - Israel atacou toda a extensão da Faixa de Gaza nesta quinta-feira, matando famílias em suas casas, mesmo enquanto um enviado de Washington discutia como seu aliado poderia proteger melhor os civis em sua guerra contra os militantes do Hamas.
A guerra que já dura mais de dois meses assola agora todo o enclave palestino, provocando uma catástrofe humanitária sem um fim aparente à vista.
"Isso vai durar mais do que vários meses -- mas vamos vencer e vamos destruí-los", disse o ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, ao conselheiro de segurança nacional da Casa Branca, Jake Sullivan.
Sullivan, por sua vez, se reuniu com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyhahu, e conversou com autoridades israelenses sobre a possível transição para operações militares de “menor intensidade” em Gaza, anunciou a Casa Branca, sem definir qualquer prazo para isso.
O jornal New York Times, citando autoridades norte-americanas não identificadas, disse que a Casa Branca avisou a Israel para encerrar a sua campanha terrestre em grande escala em Gaza por volta do final do ano, e fazer a transição para uma fase mais direcionada, empregando operações com comandos de elite.
Na área de Rafah, que hoje está repleta de pessoas em tendas improvisadas no extremo sul de Gaza, as pessoas choravam em um necrotério, perto de corpos envoltos em mortalhas ensanguentadas.
Moradores vasculhavam desesperadamente os escombros das casas adjacentes das famílias Abu Dhbaa e Ashour, onde as autoridades de saúde de Gaza disseram que 26 pessoas foram mortas.
O vizinho Fadel Shabaan correu para a área após o bombardeio. “Foi difícil por causa da poeira e dos gritos das pessoas”, disse ele. “Este é um acampamento seguro, não tem nada aqui, as crianças jogam futebol na rua.”
Com a Europa em alerta para ameaças islâmicas ligadas à guerra, as autoridades da Dinamarca, Alemanha e Holanda disseram que sete pessoas, incluindo quatro supostos membros do Hamas, foram presas por suspeita de planejarem ataques a instituições judaicas.
Sami Abu Zuhri, autoridade do Hamas, negou que membros do grupo tenham sido presos, dizendo que as informações tinham como objetivo minar o apoio aos palestinos na Europa.
Em outras possíveis consequências internacionais da guerra, a empresa dinamarquesa Maersk disse que um navio de carga foi alvo de um míssil ao passar pelo Iêmen. A empresa de segurança marítima Ambrey também disse que uma embarcação de carga de bandeira maltesa e de propriedade búlgara teria sido abordada no Mar da Arábia, perto da ilha iemenita de Socotra.
O grupo houthi, do Iêmen, que alertou os navios de carga no Mar Vermelho para evitarem viagens em direção a Israel, atacou navios e disparou drones e mísseis contra Israel desde o início da guerra em Gaza.
Mesmo com as consequências da guerra aumentando rapidamente, Netanyahu até agora rejeita os apelos por um cessar-fogo.
Washington tem fornecido cobertura diplomática a seu aliado de longa data até agora, mas tem expressado uma preocupação crescente, com o presidente norte-americano, Joe Biden, chegando a classificar os bombardeios israelenses como "indiscriminados".
(Reportagem de Nidal al-Mughrabi no Cairo; Fadi Shana e Mohammed Salem em Gaza, Dan Williams, Ilan Rosenberg e Frank Jack Daniel em Jerusalém e redações da Reuters)