MADRI (Reuters) - A Faixa de Gaza enfrenta surtos de doenças sem precedentes neste verão, causados por pilhas de lixo não coletado que apodrecem no calor, alimentando ainda mais o sofrimento dos moradores que já lutam contra a escassez de alimentos, segundo a Action Against Hunger.
Fenia Diamanti, coordenadora de projetos de emergências da organização não governamental, disse à Reuters que o gerenciamento do lixo é uma das principais preocupações, uma vez que ele não pode ser removido do território devastado pela guerra e os habitantes não têm acesso a depósitos.
"Essa quantidade de resíduos sólidos em toda a faixa causa vários problemas de higiene e saneamento", disse Diamanti à Reuters.
"Tememos que doenças que nunca apareceram na faixa antes apareçam e que afetem toda a população, especialmente no verão, quando as temperaturas vão subir."
Israel devastou grande parte da Faixa de Gaza depois que um ataque do Hamas em 7 de outubro matou cerca de 1.200 pessoas e homens armados sequestraram cerca de outras 250, de acordo com os registros israelenses.
Mais de 36.500 palestinos foram mortos na ofensiva de retaliação de Israel, segundo autoridades de saúde de Gaza.
O mês passado foi o maio mais quente de todos os tempos em todo o mundo, marcando o 12º mês consecutivo de temperaturas médias recordes, informou o serviço de monitoramento meteorológico Copernicus, apoiado pela Comissão Europeia, na terça-feira.
No verão passado, uma onda de calor em Gaza fez com que as temperaturas subissem para 38 graus Celsius, causando cortes de energia por 12 horas.
A Action Against Hunger também ajuda a distribuir água potável para cozinhas comunitárias e indivíduos, além de distribuir suplementos nutricionais para crianças e pessoas vulneráveis no território, uma estreita faixa de terra espremida entre Egito e Israel.
Antes da guerra, a taxa de desnutrição em Gaza era de apenas 0,8%, mas a situação mudou radicalmente e, embora não haja recursos para compilar os dados necessários para determinar se há fome, já existem pessoas morrendo de doenças ligadas à desnutrição, disse Diamanti.
"Fomos forçados a começar a fazer intervenções para prevenir e tratar a desnutrição, concentrando-nos principalmente em crianças menores de cinco anos e mulheres grávidas e lactantes", declarou ela.
(Reportagem de Emma Pinedo e Guillermo Martinez)