BARTELLA/Iraque (Reuters) - Algumas centenas de cristãos iraquianos se reuniram neste sábado em Bartella, uma cidade localizada ao Norte do país e retomada recentemente do Estado Islâmico, para comemorar o Natal pela primeira vez desde 2013.
Bartella, que já foi lar de milhares de cristãos sírios, foi esvaziada em agosto de 2014 durante uma incursão do Estado Islâmico em grande parte do Iraque e na vizinha Síria. As forças iraquianas recuperaram a cidade nos primeiros dias da ofensiva apoiada pelos Estados Unidos iniciada em outubro.
"É uma mistura de tristeza e felicidade", disse o bispo Mussa Shemali antes de uma cerimônia de véspera de Natal na igreja Mar Shimoni, que foi gravemente danificada e encontra-se com estátuas desfiguradas de santos.
"Estamos tristes em ver o que foi feito por compatriotas aos nossos lugares sagrados, mas, ao mesmo tempo, estamos felizes em celebrar a primeira missa em dois anos", afirmou.
A região de Nínive é um dos assentamentos mais antigos do cristianismo, remontando a quase 2.000 anos.
O Estado Islâmico mirou como alvo todos os grupos não-muçulmanos sunitas que vivem sob seu domínio, também infligindo severos castigos aos sunitas que não respeitavam sua interpretação extrema do Islã.
Os cristãos da região receberam um ultimato: pagar um imposto, converter-se ao Islã ou morrer pela espada. A maioria deles fugiu para a região autônoma curda, cruzando o rio Zab em direção ao leste.
Ainda levará tempo para que as pessoas retornem totalmente à cidade, que permanece sem os serviços básicos e com muitos edifícios que ainda mostram cicatrizes de batalhas.
"Este é o melhor dia da minha vida. Cheguei a pensar que nunca viria", disse Shrook Tawfiq, uma dona de casa de 52 anos deslocada para a cidade curda de Erbil.
A linha de frente na batalha para retomar Mosul, o último reduto do Estado Islâmico no Iraque, seguiu alguns quilômetros para o oeste, rumo aos distritos onde os militantes estão entrincheirados entre os civis e lutam contra o avanço das unidades de elite iraquianas com carros-bomba, morteiros e atiradores.
Estima-se que mais de um milhão de pessoas vivam em áreas da cidade que permanecem sob controle militante, complicando os planos de guerra do exército iraquiano e da coalizão liderada pelos EUA, que fornece apoio aéreo e terrestre.
(Por Maher Chmaytelli)