Por Maayan Lubell e Nidal al-Mughrabi
(Reuters) - Israel estava verificando nesta segunda-feira se o segundo maior líder militar do Hamas morreu em um ataque aéreo, segundo a mídia, enquanto as negociações para garantir um cessar-fogo na guerra de Gaza, para coincidir com o mês sagrado muçulmano do Ramadã, não avançavam.
Se a morte for confirmada, Marwan Issa será o oficial de mais alta patente do movimento militante islâmico eliminado por Israel na guerra de mais de cinco meses que pulverizou o enclave palestino e matou milhares de pessoas.
A Rádio do Exército israelense disse que Israel bombardeou o campo de Al-Nusseirat, no centro de Gaza, na noite de sábado, onde tinha informações sobre a localização de Issa, segundo no comando da ala militar do Hamas, as Brigadas Izz el-Deen al-Qassam.
O ataque matou cinco pessoas, de acordo com a reportagem.
O jornal israelense Haaretz informou que Israel estava verificando se entre os mortos estava Issa.
As Forças Armadas israelenses e as autoridades do Hamas não comentaram imediatamente as reportagens.
No domingo, em uma declaração que reuniu as operações das 24 horas anteriores, Israel disse que suas forças haviam matado militantes no centro de Gaza, mas não mencionou o campo.
Issa está no topo da lista dos mais procurados por Israel, juntamente com o chefe da ala militar Mohammed Deif e o líder do Hamas em Gaza, Yahya Sinwar, que se acredita terem planejado o ataque de 7 de outubro que desencadeou o conflito.
Combatentes do grupo Hamas, que controla Gaza, mataram 1.200 pessoas em um ataque no sul de Israel e fizeram 253 reféns, de acordo com os registros israelenses. A guerra que se seguiu deixou mais de 31.000 palestinos mortos, segundo as autoridades de Gaza, além de destruir a infraestrutura e causar fome generalizada.
A morte de Issa, se confirmada, também poderia complicar os esforços para garantir um cessar-fogo e a libertação dos reféns, embora Israel afirme que as negociações estão em andamento com mediadores do Egito e do Catar.
A agência de inteligência israelense Mossad disse no fim de semana que ambos os lados estavam tentando reduzir as lacunas e chegar a acordos.
O Hamas culpa Israel por se recusar a dar garantias para o fim da guerra e a retirada das tropas. Israel quer uma trégua temporária para permitir uma troca de reféns, mas disse que não vai parar sua guerra até derrotar o Hamas.
16 MORREM EM CASA
Os negociadores queriam uma interrupção das hostilidades para o Ramadã, que começou na segunda-feira.
Mas, nas primeiras horas da manhã, um ataque aéreo israelense a uma casa na Cidade de Gaza matou 16 pessoas e feriu várias outras, segundo autoridades de saúde palestinas.
O ataque, por volta do amanhecer em Zeitoun, um dos bairros mais antigos da Cidade de Gaza, atingiu a casa da família Abu Shammala, matando as pessoas que estavam dentro, de acordo com os médicos. Não houve comentário israelense imediato sobre esse ataque.
Na região central de Gaza, os militares israelenses disseram que suas forças haviam matado cerca de 15 militantes em combate corpo a corpo e ataques aéreos. Os comandos em Khan Younis, onde grande parte da operação militar de Israel tem se concentrado nas últimas semanas, atacaram locais que, segundo os militares, eram usados por militantes do Hamas.
O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, enfrenta uma pressão global cada vez maior para proteger os civis e reduzir o sofrimento.
O conflito deslocou a maior parte dos 2,3 milhões de habitantes de Gaza, muitos deles amontoados em tendas improvisadas na cidade de Rafah, no sul, com falta de alimentos e suprimentos médicos básicos.
(Reportagem de Nidal al-Mughrabi, no Cairo, e Maayan Lubell, em Jerusalém)