Por David Ljunggren e Ismail Shakil
OTTAWA (Reuters) - A polícia canadense prendeu e denunciou nesta sexta-feira três homens indianos pelo assassinato do líder separatista sikh, Hardeep Singh Nijjar, no ano passado e informou que está investigando se eles têm ligações com o governo da Índia.
Niijar, 45 anos, foi morto a tiros em junho no lado de fora de um templo sikh em Surrey, subúrbio de Vancouver, onde há uma grande população sikh. Alguns meses depois, o primeiro-ministro canadense, Justin Trudeau, citou evidências de envolvimento do governo indiano, o que provocou uma crise diplomática com Nova Deli.
A polícia afirmou que o assunto ainda está sendo investigado e que outros inquéritos estão em andamento. Os três homens chamam-se Karanpreet Singh, 28 anos, Kamalpreet Singh, 22, e Karan Brar, 22.
“Estamos investigando seus laços, se houver algum, com o governo indiano”, disse um superintendente da polícia, Mandeep Mooker, em entrevista coletiva televisionada.
Niijar era um cidadão canadense que defendia a fundação do Calistão, uma pátria independente sikh que seria criada a partir da Índia. A presença de grupos separatistas sikhs no Canadá há muito tempo frustra Nova Deli, que rotulou Niijar de “terrorista”.
Na semana passada, a Casa Branca expressou preocupação pelo suposto papel do serviço de inteligência indiano em conspirações de assassinato no Canadá e nos Estados Unidos.
A polícia canadense afirmou que trabalhou com agências policiais dos EUA, sem dar mais detalhes.
Os três, todos de nacionalidade indiana, foram presos nesta sexta-feira na cidade de Edmonton, em Alberta, sem incidentes, segundo a polícia. Eles devem chegar na Colúmbia Britânica até segunda-feira.
Trudeau anunciou em setembro que autoridades canadenses estavam investigando acusações que ligam agentes do governo indiano ao assassinato de Niijar. Nova Deli disse que a alegação de Trudeau é “absurda”.
O Canadá está pressionando a Índia a cooperar com a investigação. Em novembro, autoridades dos EUA disseram que uma autoridade do governo indiano dirigiu a conspiração da tentativa de assassinato de Gurpatwant Singh Pannun, separatista sikh e cidadão com dupla nacionalidade, dos EUA e do Canadá.
(Reportagem adicional de Anna Mehler Paperny em Toronto e Sarah Lynch em Washington)