Por Bart H. Meijer e Charlotte Van Campenhout e Gabriela Baczynska
BRUXELAS (Reuters) - O primeiro-ministro da Hungria, Viktor Orbán, deixou claro ao chegar a uma cúpula da União Europeia que impedirá o início das conversas pela adesão da Ucrânia ao bloco europeu, posicionando-se de maneira firme contra a opinião de outros líderes europeus.
Orbán está bloqueando tanto as discussões pela adesão à UE quanto a concessão de 50 bilhões de euros em ajuda financeira para Kiev a partir do orçamento do bloco, para grande irritação de seus parceiros em um momento crucial para a Ucrânia.
A cúpula acontece depois que uma contraofensiva ucraniana não conseguiu obter grandes ganhos e o governo do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, não chegar a um acordo no Congresso norte-americano sobre um pacote de ajuda de 60 bilhões de dólares a Kiev.
"Não há motivo para negociar a adesão da Ucrânia agora", disse Orbán ao chegar à cúpula de Bruxelas. "Temos que voltar depois, voltar a essa questão novamente quando (as pré-condições forem) cumpridas pelos ucranianos", disse ele.
Orbán também mencionou a eleição do Parlamento Europeu em junho do próximo ano, dizendo que o bloco deveria "se comportar democraticamente" e aguardar um novo consenso político, potencialmente sinalizando um adiamento de meses para qualquer início de negociações sobre a Ucrânia.
Autoridades e diplomatas disseram que, de qualquer forma, estavam preparados para difíceis reuniões na cúpula que poderiam se estender até a noite de sexta-feira ou até o fim de semana.
Todos os líderes nacionais da UE, exceto Orbán, apoiaram o início das conversas com a Ucrânia.
"Se a Ucrânia não tiver o apoio da UE e dos EUA, então (o presidente russo, Vladimir) Putin vencerá", disse o primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, ao chegar à cúpula, descrevendo-a como uma das mais importantes de que já participou.
Uma decisão sobre as negociações - que, uma vez iniciadas, serão, de qualquer forma, um longo processo que levará anos - requer unanimidade e o húngaro, que cultiva laços estreitos com Moscou, já insistiu anteriormente que a Ucrânia não está pronta para tal passo.
A primeira-ministra da Estônia, Kaja Kallas, disse que não estava otimista, mas acrescentou: "Espero que possamos chegar a um acordo pelo menos sobre alguns dos elementos que estão em jogo".
Se os líderes da UE aprovarem o início das discussões pela adesão e o pacote financeiro de quatro anos, Kiev poderá reivindicar uma vitória geopolítica, enquanto a falta de acordo provavelmente seria recebida por Moscou como um sinal do enfraquecimento do apoio ocidental à Ucrânia.