Por Guy Faulconbridge e Mark Trevelyan
MOSCOU (Reuters) - O presidente da Rússia, Vladimir Putin, viu uma simulação do "botão nuclear", mas se recusou a pressioná-lo nesta segunda-feira, enquanto visitava uma vasta exposição de realizações russas, no que parecia ser um aquecimento para uma iminente campanha de reeleição.
Putin recebeu uma explicação sobre o projeto de uma bomba nuclear soviética e viu um painel de controle simulado para lançar um teste nuclear, antes de observar imagens de uma explosão e de uma nuvem em forma de cogumelo através de uma janela de visualização.
Desde o início da guerra na Ucrânia, Putin tem lembrado com frequência ao Ocidente o tamanho e a capacidade do arsenal nuclear russo, dizendo que qualquer um que tentasse lançar um ataque nuclear contra ele seria eliminado da face da Terra.
Ele implantou mísseis nucleares táticos na Belarus e mudou a posição da Rússia em relação a dois importantes tratados de armas, ao mesmo tempo em que insiste que Moscou não está "brandindo" armas atômicas de forma imprudente ou mudando sua doutrina sobre seu uso.
Espera-se que Putin confirme este mês que concorrerá a outro mandato de seis anos em março, e a aparição desta segunda-feira teve uma nítida sensação pré-eleitoral.
Ele apareceu também com um grupo de crianças em idade escolar escrevendo uma mensagem em um grande quadro branco sobre suas esperanças para o futuro delas e selecionando entre os desejos que as crianças haviam fixado em uma árvore de Natal, na esperança de que ele pudesse torná-los realidade.
APERTO DE MÃO
Além do tom lisonjeiro da cobertura, a agência de notícias estatal Tass citou um campeão olímpico de boxe, Oleg Saitov, comentando sobre a força do aperto de mão de Putin.
Putin, de 71 anos, lidera a Rússia como presidente ou primeiro-ministro desde 1999, quando Boris Yeltsin renunciou e o nomeou presidente interino no último dia do antigo milênio.
Com mais seis anos no Kremlin, ele ultrapassaria Josef Stalin, que liderou a União Soviética de 1924 a 1953, e se tornaria o governante mais longevo da Rússia desde Catarina, a Grande, no século 18. Putin viu uma réplica do escritório de Stalin durante sua visita à exposição.
A confirmação de uma candidatura à reeleição pode vir na próxima semana, quando Putin der uma coletiva de imprensa e um evento em que os telespectadores de toda a Rússia terão a chance de fazer perguntas a ele.
O evento está sendo realizado pela 20ª vez e normalmente dura horas. A TV estatal tem mostrado os preparativos para o evento, com funcionários com camisetas da "Equipe Putin" atendendo aos telefones para receber perguntas do público.
Para Putin, a eleição é uma formalidade se ele concorrer: com o apoio do Estado, da mídia estatal e quase nenhuma dissidência do público, ele certamente vencerá.
Os políticos da oposição consideram a eleição como uma folha de figueira da democracia que adorna o que eles consideram a ditadura corrupta da Rússia de Putin. Essas eleições, segundo eles, geralmente atraem candidatos fracos para dar a impressão de competição.
Os partidários de Putin rejeitam essa análise, apontando para pesquisas independentes que mostram que ele tem índices de aprovação acima de 80%. Eles dizem que Putin restaurou a ordem e parte da influência que a Rússia perdeu durante o caos do colapso soviético.