CIDADE DO VATICANO (Reuters) - O representante do Vaticano para migração e justiça social pediu nesta segunda-feira que os cidadãos da União Europeia que possam se sentir tentados a votar em partidos de extrema-direita nas eleições para o Parlamento Europeu desta semana permaneçam solidários com os imigrantes e refugiados.
Os partidos de extrema-direita devem obter fortes ganhos no pleito de 6 a 9 de junho, potencialmente inclinando a política da União Europeia para uma abordagem mais rígida na aplicação da lei e de maior segurança nas fronteiras.
O Vaticano normalmente não toma lados políticos, mas durante seus 11 anos de papado, o papa Francisco tem sempre defendido os direitos dos imigrantes e pedido uma abordagem mais humanitária por parte dos governos ocidentais.
Os eleitores devem se colocar no lugar dos imigrantes e perceber que eles também gostariam de buscar uma vida melhor na Europa, disse aos repórteres o cardeal Michael Czerny, chefe do escritório de desenvolvimento humano do Vaticano.
"É muito importante entender o que significa ser pressionado pela realidade, pela história, a fugir... Muitas vezes, a propaganda ou a ideologia sugere que (os imigrantes vêm) por prazer ou por um senso de aventura: isso é falso", acrescentou.
Czerny respondia a uma pergunta sobre se ele está preocupado com os avanços da extrema-direita nas eleições da UE em uma coletiva de imprensa que revelou uma mensagem papal para o Dia Mundial dos Migrantes e Refugiados da Igreja Católica, que acontece em 29 de setembro.
O cardeal, filho de imigrantes tchecos no Canadá e que usa uma cruz feita com a madeira de um barco de imigrantes que desembarcou na ilha italiana de Lampedusa, disse que é importante não desumanizar os imigrantes.
"(Vamos) reconhecer essas pessoas como irmãos e irmãs, podemos repetir as palavras infinitamente para entender seu significado... reconhecê-los como irmãos e irmãs muda tudo", disse ele.
(Por Alvise Armellini)