CABUL (Reuters) - Voos militares para a retirada de diplomatas e civis do Afeganistão foram retomados nesta terça-feira depois que milhares de pessoas desesperadas para fugir desde que o Taliban tomou a capital foram removidas da pista do aeroporto de Cabul.
O número de civis diminuiu, disse uma autoridade de segurança ocidental no aeroporto à Reuters, um dia depois de cenas caóticas de tropas dos Estados Unidos disparando para dispersar multidões e pessoas se agarrando a um avião de transporte militar norte-americano enquanto ele taxiava para decolar.
"A pista do aeroporto internacional de Cabul está aberta. Vejo aviões pousando e decolando", disse Stefano Pontecorvo, representante civil da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), no Twitter.
Até a tarde local, ao menos 12 voos militares haviam partido, disse um diplomata no aeroporto. Aviões de países como Austrália e Polônia eram esperados para recolher seus cidadãos e colegas afegãos.
Conforme um pacto de retirada das tropas dos EUA acertado no ano passado, o Taliban concordou em não atacar forças estrangeiras de saída do país.
As forças norte-americanas assumiram no domingo o controle do aeroporto, sua única rota aérea para fora do Afeganistão, enquanto os Taliban encerrava uma semana de avanços rápidos ocupando Cabul sem resistência 20 anos depois de serem expulsos por uma invasão liderada pelos EUA.
Os voos foram suspensos durante a maior parte da segunda-feira, quando ao menos cinco pessoas foram mortas, disseram testemunhas, mas não estava claro se elas foram baleadas ou pisoteadas durante uma debandada.
A mídia noticiou que duas pessoas morreram depois de caírem da lateral de uma aeronave militar dos EUA enquanto ela decolava.
Soldados dos EUA mataram dois atiradores que parecem ter disparado contra a multidão no aeroporto, disse uma autoridade norte-americana.
O presidente dos EUA, Joe Biden, defendeu sua decisão de retirar as forças depois de 20 anos de guerra, a mais longa de sua nação, que ele disse ter custado mais de 1 trilhão de dólares.
Mas um vídeo de centenas de afegãos desesperados tentando subir em um avião militar norte-americano quando este estava prestes a decolar pode assombrar Washington, assim como uma foto de 1975 de pessoas tentando embarcar em um helicóptero em um teto de Saigon se tornou emblemática da retirada humilhante dos EUA do Vietnã.
Biden disse que tinha que decidir entre pedir que as forças de seu país lutassem incessantemente ou levar adiante um acordo de retirada negociado por seu antecessor, o republicano Donald Trump.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas pediu conversas para a criação de um novo governo no Afeganistão depois que o secretário-geral, António Guterres, alertou para as restrições "arrepiantes" aos direitos humanos e para as violações contra mulheres e garotas.
(Da redação de Cabul e outras)