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A inversão da curva de juros nos próximos 10 anos e o Risco do Brasil se tornar o "peru de véspera"

Publicado 29.04.2012, 19:11
DIDA
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Abaixo destaco 2 gráficos que explicitam o movimento da taxa de juros norte-americana de longo prazo e a taxa interbancária londrina, a LIBOR de 3 meses (LONDON INTERBANK OFFERED RATE).

Taxa americana(atual entre 0 e 0,25%)

 taxa fed longo prazo
fonte: pt.global-rates.com

Taxa Libor-dólar americano 3 meses (atual 47 pontos base= 0,46585%)

libor longo prazofonte: pt.global-rate.com


Ambas as taxas são sinalizadores relevantes para balizar o "custo do dinheiro" no mundo todo.
O "normal" é vermos ambas caminharem na mesma direção, a despeito da taxa americana ser "imposta" pelo Banco Central Americano, e a LIBOR ser uma média de taxas oferecidas pelos bancos britânicos  no interbancário.O que vemos acima é exatamente isso. Nos últimos 20 anos, ambas se movimentaram exatamente na mesma direção, com exceção de 2008-2009, quando tivemos um repique considerável na LIBOR, isto é, nos mercados interbancários europeus e mundiais, por conta da quebra do Lehman Brothers e consequente congelamento das artérias de crédito ao redor do mundo.
Mas, em essência, elas caminharam na mesma direção.
Há que se registrar que o gráfico da Taxa americana abaixo vem desde 91 e da LIBOR desde 87.
A despeito do Banco Central Americano explicitar que teremos uma taxa americana entre  0 e 0,25% até 2014, não podemos ter isso como 100% de certeza. Ainda que tomemos isso como certo, me parece que dali em diante, o movimento será ascendente, assim como foi em 94 e 2004 (Ver gráfico acima).
Os ciclos  de alta da taxa americana parecem se concentrar justamente nesse período, de 10 anos em 10 anos.
Ora, a LIBOR certamenta andará junto, se não andar antes, como eu aposto.
Ou seja, o cenário para essa década, principalmente a partir de 2013-2014, é muito mais próximo de taxas de juros em crescimento em todo mundo, do que um cenário com baixas taxas de juros.
Os próximos 10 anos serão marcados por um custo do dinheiro mais alto e empréstimos mais custosos.

Qual será a consequência ?

UMA FORTE REALOCAÇÃO DOS ATIVOS EM TODO MUNDO

Não dá pra imaginar um cenário com taxas de juros em ascensão , sem que pensemos em uma forte movimentação entre vários ativos.

As commodities provavelmente terão papel protagonista nessa realocação.
Analisando os gráficos abaixo é possível entender o porquê.

 commodities longo prazo


Taxa americana (atual entre 0 e 0,25%)
taxa fed longo prazo
fonte: pt.global-rates.com

Taxa Libor-dólar americano 3 meses (atual 47 pontos base = 0,46585%)
libor longo prazofonte: pt.global-rates.com


No período 2001-2004, tivemos um período de queda nas taxas, que foi acompanhado com alta nas commodities (MOMENTO 1).
No período 2007-2009, um novo movimento de queda nas taxas igualmente acompanhado por alta nas commodities (MOMENTO 2)
Agora, finalmente nos últimos 18-24 meses, tivemos um período de consolidação num nível baixo de taxas , que foi acompanhado por uma recuperação forte das commodities, sem, no entanto, atingir pontos anteriores.

Ora, e o Brasil como fica nesse cenário ?

Não é segredo pra ninguém que o Brasil foi fortemente beneficiado pela explosão das commodities nos últimos 10 anos.A explosão dos preços das commodites impactou fortemente a balança comercial brasileira, assim como as reservas internacionais. Por tabela, carregou o PIB pra cima e, num efeito dominó , ajudou a trazer investimentos externos e receita tributária.
Será que o Brasil se preparou para o cenário anteriormente especulado de alta nas taxas de juros, aumento no custo do dinheiro e uma forte realocação de ativos ?
Poderia ficar aqui cruzando dados e fatos,  como o inchaço do funcionalismo público, inexistência de uma reforma tributária clara e contundente , assim como a disparada da corrupção, para dizer que não nos preparamos, entre outros pontos. 
No entanto, para me ater ao curto espaço aqui dedicado, deixo apenas o gráfico abaixo.

 percentual manufaturados na exportaçao


Mais uma vez eu o exponho e detalho.

Somos fortemente dependentes de commodities hoje na pauta de exportações. Boa parte de nosso avanço na última década foi às custas de exportações de commodities.
A parcela dos manufaturados na pauta de exportações caiu de cerca de 60% para 40%.
Se o cenário de alta do custo do dinheiro se consumar nos próximos anos, as commodities sofrerão, e, por conseguinte, nossas exportações.
Não adiantará também torcer para a nossa sofrível indústria brasileira exportadora, pois essa, além de uma carga tributária insana, terá que arcar com aumento no custo do dinheiro.

Não adianta nem pra isso utilizarmos um argumento frágil de que:

 "Ohhhhh...o governo brasileiro irá baixar as taxas de juros reais internas no longo prazo"

Primeiro ponto: quem garante que o mercado vai querer financiar o Tesouro Nacional a uma taxa baixa, com tamanha fragilidade das contas públicas no cenário acima exposto?
Segundo ponto: parcela considerável dos empréstimos conseguidos pelas grandes indústrias brasileiras tem origem em instituições estrangeiras atrelados a taxas LIBOR.

Enfim......

O Brasil hoje parece inserido naquela parábola do "peru"

O peru é alimentado diariamente pra ficar gordinho , "bem nutrido". Por conta disso, ele "acha"  que esta sendo bem tratado e que a morte nunca chegará. O paradoxo da situação do bichinho é que, quanto mais ele acha que está seguro, mais ele está próximo do risco de ser "sacrificado".
Um belo dia, quando o peru menos espera ,ele é sacrificado para que seja "comido".

O mundo inteiro alimenta o Brasil........quanto mais ele acha que está seguro, mais está próximo do risco de ser abatido.

Uma hora, "boom" !!! Ele será abatido.......

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