Discurso de abertura da Semana ENEF 2018
Diretor Maurício Moura
Senhoras e senhores,
É uma honra e uma satisfação tê-los aqui na manhã de hoje, para esta cerimônia de abertura da 5ª edição da Semana Nacional de Educação Financeira – a Semana ENEF.
Gostaria de cumprimentar meus colegas de mesa:
Ilan Goldfajn, Presidente do Banco Central do Brasil, Fábio Coelho, Diretor Superintendente da Previc e Presidente do CONEF, Marcelo Barbosa, Presidente da CVM e Paulo Santos, Diretor da SUSEP.
Enquanto o Presidente Goldfajn os recebe na condição de anfitrião, eu o faço como representante do Banco Central no Comitê Nacional de Educação Financeira, o CONEF – órgão colegiado presidido neste ano pela Superintendência Nacional de Previdência Complementar, a Previc, e do qual temos grata satisfação em integrar.
A crise financeira de 2008 evidenciou a importância do conhecimento financeiro da população como um complemento necessário à regulação e à supervisão do Sistema Financeiro. A falta de compreensão das famílias sobre questões financeiras, em particular, sobre crédito e investimento, aliada a outros fatores, fizeram com que cidadãos em outros países aceitassem riscos maiores do que os que poderiam suportar.
Apesar das diversas implicações negativas, a crise contribuiu para aumentar a consciência da necessidade de atuação estruturada e sistematizada em educação financeira. Nesse contexto, vários países criaram suas Estratégias Nacionais de Educação Financeira, elevando o tema ao nível de política de Estado. A Estratégia Nacional de Educação Financeira do Brasil, a ENEF, e em seu âmbito, o CONEF, foram instituídos em dezembro de 2010.
O Banco Central, que desde 2003 já contava com um Programa de Educação Financeira, acompanhou esses movimentos e criou em 2012 uma Diretoria de Relacionamento Institucional e Cidadania e uma unidade voltada ao tema, o então Departamento de Educação Financeira, que recentemente ganhou nova denominação e novos contornos, passando a se chamar Departamento de Promoção da Cidadania Financeira, refletindo melhor o seu engajamento não apenas na educação financeira, mas também na inclusão financeira e na proteção aos consumidores de produtos e serviços financeiros.
Com uma abordagem voltada para a sensibilização e para a mudança comportamental, nossas ações têm por objetivo instrumentalizar o cidadão para a tomada de decisões financeiras conscientes, incentivando o hábito de poupar, o uso consciente do crédito e um adequado planejamento financeiro.
Em pesquisa da Rede Internacional de Educação Financeira da OCDE, adaptada e aplicada no Brasil em 2015, quase 70% dos respondentes afirmaram não ter poupado parte dos seus rendimentos nos últimos doze meses. Esse dado, mostra que estimular o aumento no nível de poupança do brasileiro é um desafio que reconhecemos e que temos buscado entender melhor.
A poupança afeta não apenas a microeconomia, impactando a vida das pessoas e das famílias no financiamento de seus gastos de longo prazo, mas, também, a macroeconomia. O aumento da poupança doméstica permite ao país aumentar o investimento e, assim, favorece o crescimento econômico sustentável.
Nesse contexto, o Banco Central tem desenvolvido ações de educação financeira, disseminando conhecimentos na área de gestão de finanças pessoais, diretamente ou por meio de seus parceiros institucionais.
Além da gestão de finanças pessoais, o Banco Central tem atuado também em temas relativos ao relacionamento do cidadão com o Sistema Financeiro Nacional, seja oferecendo informação, formação e orientação sobre serviços e produtos financeiros, seja induzindo boas práticas de educação na oferta de serviços financeiros.
Destaco duas iniciativas pioneiras. Uma delas, o É DA SUA CONTA, uma plataforma online criada para quem trabalha com a orientação do consumidor financeiro, como os Procons, com informações específicas sobre cartão de crédito, empréstimo e portabilidade, entre outros.
Outro exemplo de atuação que tem por objetivo melhorar o relacionamento do cidadão com o Sistema Financeiro é o Projeto Disclosure do Cartão de Crédito, o qual tem por objetivo o desenvolvimento de estudos sobre o fornecimento ideal de informações relacionadas ao cartão de crédito, identificando – sob a perspectiva do cidadão – informações relevantes, contextos e formatos, não apenas os da fatura, mas todos os elementos que auxiliem o cidadão a tomar melhores decisões e entender sua vida financeira.
Para o desenvolvimento dessas ações, o Banco Central conta com o apoio de uma rede interna de colaboradores em educação financeira. Inspirada no sistema de organização matricial, essa rede é formada por 80 servidores da Casa, oriundos de mais de 30 departamentos distintos, vinculados a todas as áreas da Diretoria Colegiada e estão presentes nas dez cidades onde temos representação física.
São servidores que, além de afinidade com o tema, possuem conhecimentos na área de educação financeira e contribuem para a capilaridade de nossas ações, fazendo com que o Banco Central esteja presente em cidades do interior do Brasil. Aos integrantes desta rede, meus sinceros agradecimentos.
Entretanto, não é apenas com nossos servidores que o Banco Central tem disseminado seu portfólio de produtos de educação financeira – todos, a propósito, disponibilizados de forma gratuita em nosso Portal Cidadania Financeira. Em consonância com as diretrizes da ENEF, o Banco Central tem investido na formação de parcerias para ampliar a capilaridade e o alcance de nossas ações.
Representando todos os nossos parceiros – todos com papéis relevantes – quero agradecer ao Serviço de Aprendizagem do Cooperativismo (Sescoop), com quem construímos um Programa de Formação de Facilitadores em Gestão de Finanças Pessoais.
Em relação à disseminação de nossos conteúdos de gestão de finanças pessoais, quero enaltecer a participação de outros entes do Governo como o Ministério do Desenvolvimento Social e do Exército Brasileiro e, também, dos sistemas cooperativos, em particular, do Sistema de Crédito Cooperativo (Sicredi), do Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil (Sicoob) e do Sistema das Cooperativas de Crédito Rural com Interação Solidária (Cresol).
Não poderia deixar de destacar, também, outro parceiro de longa data do Banco Central e de diversas iniciativas bem sucedidas: o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae). Vale lembrar que o Sebrae, hoje membro do CONEF, apenas durante a Semana ENEF de 2017, realizou 1.500 eventos de educação financeira. No total, a edição do ano passado atingiu quase 3 milhões de pessoas, somente a partir das ações do Banco Central e de nossos parceiros.
É um excelente exemplo de como o trabalho em parceria e com interesses convergentes pode render bons resultados.
Para a edição deste ano da Semana ENEF, já temos diversas ações presenciais programadas com nossos parceiros, de norte a sul do País. Dentre estas, destaco, por exemplo, palestra programada para a próxima quinta-feira com o Exército Brasileiro para um público de 1.200 pessoas no Auditório Pedro Calmon, aqui mesmo em Brasília, e palestra articulada em parceria com a ABBC (Associação Brasileira de Bancos), a ser realizada no Colégio do Instituto Seli, em São Paulo, especializado em educação para surdos.
Destaco também, as diversas ações realizadas por meios virtuais, as quais estão aqui representadas pelos youtubers Natália Arcuri e Thiago Nigro, que daqui a pouco compartilharão conosco um pouco das suas experiências. Além de levarem educação financeira por meio de uma linguagem moderna e cidadã, ações como essas têm o poder de atingir a população num país jovem de dimensões continentais, aumentando significativamente o número de cidadãos que serão alcançados durante esta Semana.
A todos, desejo muito sucesso. É certo que o caminho que temos a trilhar é longo e árduo, mas os benefícios que temos a obter por meio da educação financeira de nossa sociedade, em um processo contínuo e permanente, são relevantes e irão compensar nossos esforços.
Uma boa semana a todos e muito obrigado!