Em recente artigo que escrevi juntamente com Gláucia Fernandes e Layla dos Santos Mendes (publicado no International Review ofEcon
Neste artigo, investigamos o efeito do caixa na lucratividade dos bancos. O caixa, no contexto bancário, também é conhecido como “reservas” (Bindseil et al., 2006). Uma razão pela qual os bancos mantêm reservas é que eles são obrigados a fazer isso (reservas compulsórias). Mas os bancos também mantêm reservas para atender a futuras necessidades desconhecidas de liquidez (Moussa, 2015; Poole, 1968). Assim, a reserva pode ser decomposta em duas categorias, nomeadamente reservas em excesso, que são mantidas por precaução, que os bancos detêm para reduzir incertezas; e reservas em excesso para além dos níveis prudenciais (também referidas neste artigo como reservas de caixa). O nível de reservas excedentes, ou seja, os fundos de caixa que eles mantêm acima dos requisitos do Federal Reserve (ou do órgão regulador do país), geralmente é baixo (Nguyen & Boateng, 2013).
No entanto, desde a crise financeira de 2008, os bancos aumentaram suas reservas excedentes. Eles, agora, encon
Para lidar com a crise, o Federal Reserve dos EUA, por exemplo, introduziu novos programas que alteraram os termos do trade-off que os bancos fazem ao decidir seu nível de reservas excedentes. Além disso, a Autoridade de Serviços Financeiros do Reino Unido lançou um novo requisito quantitativo de liquidez chamado Individual Liquidity Guidance
Neste artigo, supracitado, examinamo
Para testar nosso modelo, usamos bancos comerciais de doze países. Além disso, dividimos nossa amostra em dois grupos, que são compostos por mercados emergentes (BRICS: Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) e economias desenvolvidas (G7: Canadá, França, Alemanha, Itália, Japão, Reino Unido e Estados Unidos da América).
Usamos uma especificação de modelo dinâmico que permite a persistência do lucro. Ao contrário dos achados anteriores, que indicam que quanto menor o investimento em caixa mais lucratividade, nossos resultados mostram que existe uma relação côncava entre o nível de caixa e a lucratividade, ou seja, os bancos têm um nível ótimo de liquidez de caixa que equilibra custos e benefícios, e, portanto, maximiza sua lucratividade. Os resultados nos permitem confirmar não só o maior efeito na rentabilidade, mas também o maior efeito de risco para os bancos com baixos níveis de liquidez (ou seja, bancos com menor liquidez diminuem os seus riscos).
No geral, estes resultados destacam a importância de uma boa gestão de caixa para os bancos. Nossas descobertas têm implicações potencialmente importantes para gerentes e pesquisas sobre investimento em caixa. Em primeiro lugar, nossos resultados sugerem que os gestores das instituições bancárias devem se preocupar com o caixa tanto acima como abaixo do nível ótimo, devido aos custos de se afastar do nível ótimo de caixa, seja através de oportunidades perdidas de investimentos, seja por um aumento do risco de liquidez.
Em segundo lugar, nossas descobertas estendem a pesquisa sobre a relevância de uma boa gestão de caixa e sugerem que estudos futuros sobre liquidez e caixa devem controlar os diferentes níveis de desenvolvimento das economias, tendo em vista que diferentes economias possuem diferentes pontos ótimos de caixa. Por exemplo, os resultados mostram que bancos em mercados emergentes (BRICS) detêm mais caixa do que bancos em países desenvolvidos (G7). Além disso, nossos resultados revelam um aumento da liquidez de caixa dos bancos após a crise financeira de 2008.
Como limitação do nosso estudo, destacamos a quantidade de bancos norte-americanos na amostra. Nesse caso, controlamos esse efeito na seção de robustez, onde estimamos os efeitos em um número mais equilibrado de observações entre os países. Além disso, pode-se argumentar que não estamos considerando o impacto de características intrínsecas dos bancos. No entanto, como executamos os testes estatísticos utilizando efeitos fixos, entendemos que isso não é um problema, pois os efeitos de características bancárias constantes são excluídos dos coeficientes.
*Rodrigo Leite é formado em Contabilidade pela UERJ e é Mestre e Doutor em Administração pela FGV. Já foi Professor de Finanças e Contabilidade da UERJ e da FGV, e hoje é Professor Adjunto de Finanças e Controle Gerencial do COPPEAD/UFRJ.