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Dólar ganha força com postura firme de Trump contra o Brics;
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Dados econômicos importantes desta semana podem determinar o rumo do dólar, com um teste crucial para o índice DXY na marca de 108;
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Tensões geopolíticas e a retórica de Trump seguem dando força ao dólar, em meio à incerteza nos mercados;
O dólar começou a semana em alta, diante da retórica contundente de Donald Trump contra os países do Brics. O presidente eleito dos EUA dá sinais de que quer o dólar como moeda dominante no mundo.
O índice do dólar (DXY) subiu 0,5%, retornando à marca de 106, após Trump prometer tarifas de 100% sobre as importações dos membros do bloco caso avancem em seus planos para reduzir o uso global do dólar.
Enquanto o Brics, aliança formada por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, com recentes adesões de Irã e Arábia Saudita, busca diminuir a dependência do dólar, os EUA reafirmam sua intenção de preservar a supremacia da moeda como reserva global. A posição de Trump reflete a percepção de que o fortalecimento do Brics representa um desafio direto à influência americana.
Desafios para o Brics e impactos de curto prazo
Apesar das ambições do bloco, instabilidades econômicas, como a desaceleração da China e dificuldades contínuas na Rússia, limitam a eficácia da coalizão. Trump vê as iniciativas do grupo como uma ameaça emergente, mesmo que ainda estejam em estágios iniciais. Suas recentes ameaças tarifárias podem atrasar os projetos do Brics, mas, por ora, a resposta do mercado foi contida.
As moedas de mercados emergentes continuam a perder força frente ao dólar, refletindo a pressão crescente sobre ativos não lastreados na moeda americana. Já os rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA subiram levemente, enquanto o ouro registrou pequena queda.
Semana decisiva para o dólar
O foco do mercado agora se volta para o calendário econômico americano, com destaque para os dados de emprego não-agrícola (payroll) na sexta-feira, que fornecerão insights sobre o mercado de trabalho e tendências salariais. Indicadores de PMI manufatureiro e serviços também ajudarão a medir o ímpeto da economia dos EUA.
O mercado atualmente precifica uma probabilidade de 66% de corte de 25 pontos-base na taxa de juros pelo Federal Reserve em dezembro. Discursos de Jerome Powell, previstos para quarta-feira, combinados aos dados econômicos da semana, poderão influenciar as expectativas, intensificando a volatilidade.
Riscos geopolíticos aumentam a incerteza
Além do confronto verbal com o Brics, tensões no Oriente Médio, incluindo escaladas entre Israel e Hezbollah e conflitos na Síria, podem reacender a aversão ao risco global. Caso a situação geopolítica se agrave, ativos de proteção, como o dólar, poderão atrair mais investidores.
Análise técnica: teste crítico para o DXY em 106,2
Após um breve recuo em novembro devido a incertezas pré-eleitorais, o DXY recuperou força com a vitória de Trump e sua postura assertiva. Atualmente, o índice testa o suporte em 106,2, nível decisivo para definir sua próxima direção. Se mantiver essa marca, o dólar pode alcançar a região de 108, beneficiado pela migração de capital para ativos baseados na moeda americana. Uma queda abaixo desse patamar, por outro lado, pode levar o índice ao próximo suporte em 105.
Conclusão
Com a retórica de Trump e os dados econômicos moldando as perspectivas do dólar, a volatilidade deverá permanecer elevada nesta semana. Embora o impacto do Brics ainda seja limitado, o desafio à supremacia do dólar não pode ser ignorado. A atenção do mercado se concentrará no desempenho do DXY, nos indicadores econômicos dos EUA e nas tensões globais, à medida que o futuro do dólar continua em jogo.