Petróleo sobe após Trump dizer que Índia deixará de comprar petróleo russo
Os comentários mais recentes de Jerome Powell na Filadélfia confirmam o que os investidores já suspeitavam: o Federal Reserve está novamente atrás da curva.
O banco central sinaliza que deve anunciar um novo corte de juros ainda neste mês, e a sensação é de déjà vu. Powell admitiu nesta semana que “os riscos negativos para o emprego aumentaram”, reconhecendo que o mercado de trabalho dos Estados Unidos começa a ceder à pressão.
As contratações estão desacelerando, as vagas diminuindo e a confiança das famílias em encontrar trabalho enfraquecendo. Os dados mais recentes da ADP mostram que as empresas americanas eliminaram 32 mil postos em setembro, um número preocupante para uma economia que, há apenas um ano, parecia imparável.
Os mercados reagiram rapidamente. O S&P 500 reverteu perdas iniciais e fechou com alta de 0,3% em Nova York, à medida que os traders passaram a precificar um novo corte de 0,25 ponto percentual na reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC) de 28 e 29 de outubro.
Esse seria o segundo ajuste consecutivo, após o corte do mês passado que reduziu a taxa dos Fed Funds para a faixa de 4% a 4,25%, encerrando a pausa mais longa na flexibilização desde 2019.
As palavras de Powell chamam atenção porque revelam um padrão conhecido: ele costuma agir tardiamente em momentos decisivos. Em 2018, o Fed manteve os juros altos por tempo demais e precisou reverter o curso após a forte queda dos mercados.
Em 2021, a autoridade monetária insistiu que a inflação seria “transitória”, mesmo com os preços disparando, o que resultou em um aperto monetário histórico, o mais intenso em quatro décadas. Agora, em 2025, o Fed parece novamente reagir a uma economia que muda mais rápido do que sua política.
O banco central parece esperar até que as evidências se tornem inegáveis para agir, momento em que a atividade já perdeu fôlego. Powell responde a sinais que o mercado, as empresas e os investidores identificam há meses.
É especialmente notável que essa fraqueza surja sob um governo que se apresenta como pró-negócios. Após quatro anos de crescimento constante, dezenas de milhares de empregos vêm sendo perdidos a cada mês.
As tarifas, o custo elevado do crédito e a instabilidade política travaram as contratações e reduziram a confiança. Pequenas empresas enfrentam crédito mais restrito e custos crescentes, enquanto o sentimento do consumidor se deteriora. O mercado de trabalho americano, antes referência global, começa a dar sinais de esgotamento.
A mudança de tom de Powell, da preocupação com a inflação para o receio com o emprego, marca uma nova fase. A narrativa se inverteu: agora o Fed enfrenta o problema oposto, com uma economia desacelerando mais rápido do que a política monetária consegue acompanhar. Cada atraso reduz a eficácia das próximas medidas.
Essa virada expõe uma realidade mais ampla: nesta fase do ciclo, a política monetária tem sido reativa. O mercado se move primeiro, e o Fed responde depois, o que mina a confiança. Os investidores buscam clareza e liderança do banco central, mas são obrigados a decifrar discursos em busca de sinais de hesitação ou medo.
O desafio imediato de Powell é de credibilidade. Cada resposta tardia desgasta a confiança. O mandato do Fed exige equilibrar pleno emprego e estabilidade de preços, mas a instituição tem subestimado a velocidade com que ambos podem se deteriorar. Quando o erro de política se torna recorrente, o custo para restaurar o equilíbrio cresce a cada ciclo.
Ainda assim, a incerteza abre espaço para oportunidades. Quando os juros voltam a cair, a liquidez retorna ao sistema e o capital volta a buscar retorno. A próxima fase do ciclo beneficiará quem agir cedo e se posicionar com inteligência.
Juros menores tendem a favorecer ações de alta qualidade, empresas com balanços sólidos, geração consistente de caixa e exposição a setores como tecnologia, infraestrutura e inovação. A diversificação internacional também ganha atratividade à medida que o dólar se ajusta às novas expectativas de juros.
Este não é o momento de ficar parado. Investidores que anteciparem a virada de política, em vez de esperar confirmação, estarão à frente na próxima onda de crescimento. O novo ciclo de afrouxamento não será linear, mas abrirá oportunidades em setores que se beneficiam de custos de financiamento mais baixos e maior apetite por risco.
Naturalmente, cortes de juros sozinhos não resolvem problemas estruturais. As políticas tarifárias, a expansão fiscal e a instabilidade política doméstica continuam afetando as decisões corporativas. O Fed pode amortecer o impacto, mas não restaurar a confiança sozinho. Política monetária compra tempo, não estabilidade.
Com a aproximação de mais uma rodada de cortes, os investidores precisam decidir se encaram essa mudança como alerta ou oportunidade. Eu vejo como a segunda.
A política monetária sempre reage com atraso, mas o mercado antecipa. Enquanto o Fed mais uma vez tenta alcançar os fatos, quem entender o ciclo e se antecipar colherá os maiores ganhos.
Powell terá, ainda neste mês, a chance de provar que pode finalmente liderar, e não apenas reagir. Sua decisão determinará não só o rumo da economia americana, mas também a confiança dos investidores em todo o mundo.
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