Wall Street dispara com comentários de Trump sobre a China e Broadcom sobe
O mercado financeiro brasileiro ganhou um novo capítulo de polêmica com o caso do COE da Ambipar, que gerou perdas superiores a 90% para investidores que acreditavam estar aplicando em um produto “com proteção”. A história, que ganhou destaque nas últimas semanas, expõe falhas estruturais na forma como certos produtos financeiros são oferecidos ao público — e revela um problema mais profundo: o conflito de interesses entre assessores de investimento e seus clientes.
Segundo relatos, o COE (Certificado de Operações Estruturadas) foi vendido como uma alternativa sofisticada, com potencial de ganho acima da média e “proteção condicional”. Na prática, essa proteção desapareceu quando as ações da Ambipar caíram além do limite previsto. Ou seja: o que parecia uma camada de segurança era, na verdade, uma cláusula técnica que pouco significava diante de uma oscilação mais forte do mercado.
Quando o assessor vira vendedor
O ponto mais sensível do caso está no modelo de remuneração das assessorias de investimento. Muitos investidores acreditam que esse tipo de serviço é gratuito — mas, na realidade, o assessor é pago pelas comissões dos produtos que vende. Nesse sistema, o incentivo é claro: vender o produto da vez para bater metas, o que pode colocar o interesse do cliente em segundo plano.
O problema não é apenas de falta de informação. É um sistema que se apresenta como consultivo, mas que na prática funciona como uma engrenagem de vendas. Muitos assessores acabam também sendo vítimas do modelo, já que sua sobrevivência profissional depende da capacidade de vender produtos — e não de gerar resultados consistentes para os investidores.
Os sinais de alerta para o investidor
Esse caso reforça um aprendizado essencial: se você não entende no que está investindo, não invista. Um dos maiores erros é se deixar levar pela linguagem técnica ou pelo medo de parecer ignorante diante de especialistas. Outro sinal claro de alerta: se você não consegue explicar para um amigo, de forma simples, onde está colocando seu dinheiro, você não está investindo — está acreditando em uma história bem contada.
Casos como esse não são novidade. Produtos “sofisticados”, com nomes complexos e promessas de ganhos acima do mercado, aparecem ciclicamente. E, quase sempre, acabam trazendo surpresas desagradáveis para quem entra sem compreender os riscos.
Proteja-se com independência
A lição mais importante é a necessidade de buscar orientação financeira independente — de profissionais que não ganham comissões sobre produtos, mas sim pelo serviço prestado. Esse modelo elimina o conflito de interesse e alinha o consultor ao objetivo do investidor: proteger e fazer crescer o patrimônio com consistência.
No mercado financeiro, o verdadeiro luxo não é ter acesso a oportunidades “exclusivas”, mas sim contar com alguém ao seu lado que não tem nenhum interesse além do seu resultado. Assim como o médico ético, o mecânico honesto ou o cabeleireiro que respeita o que já está bom, o bom consultor é aquele que não vende o que não faz sentido — e sim o que realmente agrega valor à sua estratégia de longo prazo.
Em um ambiente onde a venda se disfarça de consultoria, entender o mecanismo é sua melhor defesa. Porque, como disse a especialista no vídeo, a questão não é se vai surgir outro caso parecido — é quando.