Dólar (DXY): avanço ganha força com faixa de resistência entre 99 e 101

Publicado 13.10.2025, 11:17
  • As tensões entre Estados Unidos e China voltaram a aumentar, com novas tarifas e restrições de exportação provocando instabilidade nos mercados globais.
  • O dólar se valoriza à medida que investidores buscam proteção em meio à incerteza comercial e aos riscos geopolíticos.
  • Os mercados aguardam os dados do IPC e os comentários de Powell para avaliar os próximos passos do Federal Reserve.

As tensões comerciais entre Estados Unidos e China voltaram a se intensificar, provocando forte aversão a risco nos mercados. O presidente americano, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 100% sobre as importações chinesas a partir de 1º de novembro e cancelou o encontro previsto com o presidente chinês, Xi Jinping. As medidas reacenderam o temor de uma guerra comercial em larga escala.

Pequim reagiu com restrições mais rigorosas à exportação de metais raros, levantando preocupações em Washington sobre o acesso a insumos estratégicos. Como reflexo, os índices acionários dos EUA registraram uma das maiores quedas diárias desde abril: o S&P 500 perdeu cerca de US$ 2 trilhões em valor de mercado, enquanto o setor de criptomoedas encolheu aproximadamente US$ 550 bilhões.

Trump acusou a China de usar os metais raros como instrumento de pressão econômica e respondeu com novas tarifas e planos para limitar exportações americanas de softwares críticos. O Ministério do Comércio chinês declarou que não deseja uma guerra comercial, mas está preparado para qualquer cenário.

Em publicações no fim de semana, Trump sinalizou que as negociações com a China ainda são possíveis, embora o encontro com Xi na Coreia do Sul pareça incerto. Um comentário do vice-presidente americano, Vance, de que um processo de negociação “justo” poderia ser retomado, ajudou a reduzir ligeiramente a tensão nos mercados, ainda que o clima de incerteza persista.

Dólar retoma papel de refúgio na crise entre eua e china

O novo agravamento do conflito comercial marca uma fase crítica para o índice do dólar, especialmente diante das dependências estratégicas entre as duas potências. Embora os EUA mantenham liderança em semicondutores e software, continuam altamente dependentes da China no fornecimento de metais raros.

Esses metais são vitais para setores como o automotivo, o de defesa, o de energia renovável e o de eletrônicos. Estima-se que, até 2024, a China seja responsável por cerca de 70% da produção global e 85% do processamento desses materiais. Essa concentração explica por que o governo americano trata o segmento como questão de segurança nacional. A recente compra de US$ 1 bilhão em minerais estratégicos pelo Pentágono, bem como o estoque de lítio e cobalto, reflete uma tentativa de diversificar fontes de suprimento.

Nos mercados, a reação foi semelhante à observada no choque tarifário de abril: investidores reduziram exposição a ativos de risco, enquanto o dólar, o ouro e os títulos públicos ganharam força. Desta vez, porém, o movimento nos Treasuries foi distinto, em vez de venda, houve aumento da demanda por papéis de 10 anos, indicando postura defensiva mais do que receio de recessão.

O índice DXY iniciou a semana em alta, aproximando-se do nível de 99, após breve recuo na sexta-feira. O dólar também se valorizou frente ao iene, em meio à instabilidade política no Japão, e manteve estabilidade em relação ao euro após a reformulação do gabinete francês.

Atenção aos dados de inflação e discurso de Powell antes da decisão do Fed

O fechamento parcial do governo americano, que já dura quase dez dias, mantém dúvidas sobre a divulgação de dados econômicos, mas o Bureau of Labor Statistics confirmou que publicará o índice de preços ao consumidor (IPC) em 24 de outubro, conforme previsto em lei. O dado será determinante para a próxima decisão de juros do Federal Reserve, marcada para 29 de outubro. Apesar da paralisação, o Fed deve manter o calendário normal de deliberação com base nas informações do IPC.

As autoridades monetárias continuam sinalizando a possibilidade de novos cortes de juros, reforçando expectativas de manutenção da política acomodatícia. Ainda assim, as novas tarifas e o aumento dos custos de importação podem alterar esse cenário. A alta dos preços de insumos deve aparecer primeiro nos índices de preços ao produtor (IPP) e, em seguida, nos índices de preços ao consumidor (IPC).

O governo Trump afirma que o impacto inflacionário das tarifas será limitado, mas o repasse de custos de importação e produção tende a elevar os preços gradualmente. Caso a inflação avance além do previsto, o Fed poderá adiar ou ajustar seu plano de cortes, o que reacenderia o atrito entre a estratégia comercial da Casa Branca e a política monetária americana.

O fluxo de indicadores globais segue leve, mas o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, na terça-feira, será acompanhado de perto. Suas observações sobre os efeitos das novas tarifas na inflação e no crescimento podem orientar os próximos movimentos do índice do dólar.

Visão técnica do dólar (DXY)

Análise técnica do índice do dólar (DXY)
O índice do dólar segue sustentado pela busca por segurança, mas essa força reflete cautela, não otimismo genuíno com a moeda. Caso o governo americano alivie tarifas ou retome as conversas com Pequim, o dólar pode ter dificuldade para manter os ganhos recentes. Por outro lado, se o conflito comercial se agravar ou a China adotar medidas adicionais de restrição às exportações, o índice poderá voltar a subir, rompendo a zona de 99 pontos e testando o patamar de 101.

No panorama atual, o DXY reafirma seu papel tradicional de ativo-refúgio. Tecnicamente, o nível de 98,5 funciona como suporte de curto prazo; a faixa entre 99,70 e 100 representa resistência intermediária; e 101,6 é o principal obstáculo técnico. Os movimentos dentro desse intervalo dependerão das declarações de Trump, dos desdobramentos nas relações EUA–China e dos sinais emitidos pelo Federal Reserve.

***

PARE DE INVESTIR NO ESCURO! No InvestingPro, você tem acesso a ferramentas treinadas de IA em 25 anos de métricas financeiras para escolher as melhores ações e ainda tem acesso a:

  • Preço-justo: saiba se uma ação está cara ou barata com base em seus fundamentos.
  • ProTips: dicas rápidas e diretas para descomplicar informações financeiras.
  • ProPicks: estratégias que usam IA para selecionar ações explosivas.
  • WarrenAI: consultor pessoal de IA treinado com dados do Investing.com para tirar suas dúvidas sobre investimentos.
  • Filtro avançado: encontre as melhores ações com base em centenas de métricas.
  • Ideias: descubra como os maiores gestores do mundo estão posicionados e copie suas estratégias.
  • Dados de nível institucional: monte suas próprias estratégias com ações de todo o mundo.
  • ProNews: acesse notícias com insights dos melhores analistas de Wall Street.
  • Navegação turbo: as páginas do Investing.com carregam mais rápido, sem anúncios.

InvestingPro

AVISO: Este conteúdo tem caráter exclusivamente informativo. Não constitui oferta, recomendação ou solicitação para compra de ativos. Lembramos que todos os investimentos envolvem riscos relevantes e devem ser avaliados sob múltiplas perspectivas. O InvestingPro não oferece consultoria de investimentos. As decisões e riscos assumidos são de inteira responsabilidade do investidor.

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2025 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.