Governo pode cortar mais de R$ 7 bi em emendas, diz Haddad
- As tensões entre Estados Unidos e China voltaram a aumentar, com novas tarifas e restrições de exportação provocando instabilidade nos mercados globais.
- O dólar se valoriza à medida que investidores buscam proteção em meio à incerteza comercial e aos riscos geopolíticos.
- Os mercados aguardam os dados do IPC e os comentários de Powell para avaliar os próximos passos do Federal Reserve.
As tensões comerciais entre Estados Unidos e China voltaram a se intensificar, provocando forte aversão a risco nos mercados. O presidente americano, Donald Trump, anunciou uma tarifa de 100% sobre as importações chinesas a partir de 1º de novembro e cancelou o encontro previsto com o presidente chinês, Xi Jinping. As medidas reacenderam o temor de uma guerra comercial em larga escala.
Pequim reagiu com restrições mais rigorosas à exportação de metais raros, levantando preocupações em Washington sobre o acesso a insumos estratégicos. Como reflexo, os índices acionários dos EUA registraram uma das maiores quedas diárias desde abril: o S&P 500 perdeu cerca de US$ 2 trilhões em valor de mercado, enquanto o setor de criptomoedas encolheu aproximadamente US$ 550 bilhões.
Trump acusou a China de usar os metais raros como instrumento de pressão econômica e respondeu com novas tarifas e planos para limitar exportações americanas de softwares críticos. O Ministério do Comércio chinês declarou que não deseja uma guerra comercial, mas está preparado para qualquer cenário.
Em publicações no fim de semana, Trump sinalizou que as negociações com a China ainda são possíveis, embora o encontro com Xi na Coreia do Sul pareça incerto. Um comentário do vice-presidente americano, Vance, de que um processo de negociação “justo” poderia ser retomado, ajudou a reduzir ligeiramente a tensão nos mercados, ainda que o clima de incerteza persista.
Dólar retoma papel de refúgio na crise entre eua e china
O novo agravamento do conflito comercial marca uma fase crítica para o índice do dólar, especialmente diante das dependências estratégicas entre as duas potências. Embora os EUA mantenham liderança em semicondutores e software, continuam altamente dependentes da China no fornecimento de metais raros.
Esses metais são vitais para setores como o automotivo, o de defesa, o de energia renovável e o de eletrônicos. Estima-se que, até 2024, a China seja responsável por cerca de 70% da produção global e 85% do processamento desses materiais. Essa concentração explica por que o governo americano trata o segmento como questão de segurança nacional. A recente compra de US$ 1 bilhão em minerais estratégicos pelo Pentágono, bem como o estoque de lítio e cobalto, reflete uma tentativa de diversificar fontes de suprimento.
Nos mercados, a reação foi semelhante à observada no choque tarifário de abril: investidores reduziram exposição a ativos de risco, enquanto o dólar, o ouro e os títulos públicos ganharam força. Desta vez, porém, o movimento nos Treasuries foi distinto, em vez de venda, houve aumento da demanda por papéis de 10 anos, indicando postura defensiva mais do que receio de recessão.
O índice DXY iniciou a semana em alta, aproximando-se do nível de 99, após breve recuo na sexta-feira. O dólar também se valorizou frente ao iene, em meio à instabilidade política no Japão, e manteve estabilidade em relação ao euro após a reformulação do gabinete francês.
Atenção aos dados de inflação e discurso de Powell antes da decisão do Fed
O fechamento parcial do governo americano, que já dura quase dez dias, mantém dúvidas sobre a divulgação de dados econômicos, mas o Bureau of Labor Statistics confirmou que publicará o índice de preços ao consumidor (IPC) em 24 de outubro, conforme previsto em lei. O dado será determinante para a próxima decisão de juros do Federal Reserve, marcada para 29 de outubro. Apesar da paralisação, o Fed deve manter o calendário normal de deliberação com base nas informações do IPC.
As autoridades monetárias continuam sinalizando a possibilidade de novos cortes de juros, reforçando expectativas de manutenção da política acomodatícia. Ainda assim, as novas tarifas e o aumento dos custos de importação podem alterar esse cenário. A alta dos preços de insumos deve aparecer primeiro nos índices de preços ao produtor (IPP) e, em seguida, nos índices de preços ao consumidor (IPC).
O governo Trump afirma que o impacto inflacionário das tarifas será limitado, mas o repasse de custos de importação e produção tende a elevar os preços gradualmente. Caso a inflação avance além do previsto, o Fed poderá adiar ou ajustar seu plano de cortes, o que reacenderia o atrito entre a estratégia comercial da Casa Branca e a política monetária americana.
O fluxo de indicadores globais segue leve, mas o discurso do presidente do Fed, Jerome Powell, na terça-feira, será acompanhado de perto. Suas observações sobre os efeitos das novas tarifas na inflação e no crescimento podem orientar os próximos movimentos do índice do dólar.
Visão técnica do dólar (DXY)
O índice do dólar segue sustentado pela busca por segurança, mas essa força reflete cautela, não otimismo genuíno com a moeda. Caso o governo americano alivie tarifas ou retome as conversas com Pequim, o dólar pode ter dificuldade para manter os ganhos recentes. Por outro lado, se o conflito comercial se agravar ou a China adotar medidas adicionais de restrição às exportações, o índice poderá voltar a subir, rompendo a zona de 99 pontos e testando o patamar de 101.
No panorama atual, o DXY reafirma seu papel tradicional de ativo-refúgio. Tecnicamente, o nível de 98,5 funciona como suporte de curto prazo; a faixa entre 99,70 e 100 representa resistência intermediária; e 101,6 é o principal obstáculo técnico. Os movimentos dentro desse intervalo dependerão das declarações de Trump, dos desdobramentos nas relações EUA–China e dos sinais emitidos pelo Federal Reserve.
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