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Por Arsheeya Bajwa e Aditya Soni
(Reuters) - O destino das apostas surpreendentes de Wall Street em inteligência artificial recairá diretamente sobre a Nvidia na quarta-feira, quando a fabricante de chips divulgar resultado trimestral.
Três anos após a estreia do ChatGPT, investidores estão cada vez mais preocupados com o fato de o boom da IA ter superado os fundamentos. Alguns líderes empresariais observam que os negócios circulares no setor - em que um parceiro sustenta a receita de outro - aumentam o risco de bolha.
Alguns grandes investidores se desfizeram de algumas de suas participações em IA, alimentando o temor de que uma liquidação do mercado seja iminente. O fundo de hedge do bilionário da tecnologia Peter Thiel vendeu toda a sua participação na Nvidia no terceiro trimestre, assim como o presidente-executivo da SoftBank, Masayoshi Son, embora ele tenha investido esses retornos em uma aposta maciça na OpenAI.
As dúvidas fizeram com que as ações da Nvidia caíssem 7,9% até agora em novembro, depois de uma valorização de 1.200% nos últimos três anos. O mercado mais amplo caiu 2,5% este mês.
"A cada trimestre que passa, o resultado da Nvidia se torna mais importante em termos de esclarecimento sobre para onde a IA está se movendo e quanto investimento está sendo feito", disse Brian Stutland, diretor na Equity Armor Investments, que tem ações da Nvidia.
Apesar dos temores de bolha, a demanda pelos chips da Nvidia continua forte, com gigantes de computação em nuvem, incluindo a Microsoft, anunciando investimentos de bilhões em centros de dados de IA.
DEMANDA FORTE, MAS VALOR SE DEPRECIA
É provável que a Nvidia informe um salto de mais de 56% na receita do trimestre de agosto a outubro, para US$54,92 bilhões, de acordo com dados compilados pela LSEG, muito longe do crescimento de três dígitos que testemunhou por muitos trimestres e diante de comparações mais difíceis. A empresa superou as expectativas nos últimos 12 trimestres, embora o delta tenha diminuído.
O presidente-executivo da Nvidia, Jensen Huang, disse no mês passado que a empresa tem US$500 bilhões em encomendas envolvendo os chips avançados da companhia até 2026.
"O velho ditado de Wall Street ’uma ação não faz um mercado’ - isso seria incorreto aqui", disse Neil Azous, gerente de portfólio do ETF Monopoly, que detém ações da Nvidia. "A Nvidia tem a capacidade de criar um mercado."
Mas os chips da Nvidia são fundamentais para a aposta do investidor Michael Burry, retratado no filme "A Grande Aposta", contra a empresa. Burry, que recentemente fechou seu fundo de hedge, argumentou que os grandes provedores de computação em nuvem estão aumentando artificialmente seus resultados ao estenderem a vida útil depreciável dos equipamentos de computação de IA, como os chips da Nvidia.
A Nvidia agora atualiza os chips anualmente, fazendo com que os modelos mais antigos pareçam obsoletos mais rapidamente, mesmo com o mercado de revenda prosperando.
PROCESSOS MAIS COMPLEXOS, MARGENS PRESSIONADAS
Enquanto a fabricante terceirizada de microprocessadores TSMC está adicionando capacidade de empacotamento avançado para superar um gargalo importante e planeja continuar expandindo até 2026, a Nvidia também está lançando sistemas mais complexos e maiores que reúnem processadores gráficos, unidades centrais de processamento, componentes de rede e uma variedade de opções de resfriamento.
Esses novos recursos, além do atual aumento na escala de fornecimento dos chips Blackwell, topo de linha. e dos próximos processadores Rubin, tem sobrecarregado as margens da companhia. O mercado espera que a Nvidia divulgue queda de quase 2 pontos percentuais na margem bruta ajustada em relação ao mesmo período do ano passado, para 73,6%. A expectativa para o lucro líquido é de crescimento de 53%, para US$29,54 bilhões.
Os investidores estão atentos para ver como os grandes negócios de IA, incluindo o investimento de US$100 bilhões da Nvidia na OpenAI e a participação de US$5 bilhões na fabricante de chips Intel, afetarão seu balanço. A Nvidia tinha caixa e equivalentes de caixa de US$11,64 bilhões em 27 de julho.
A China é outro problema. A Nvidia não pode enviar seus chips mais avançados para lá devido às restrições de exportação impostas pelos Estados Unidos e Huang disse que "não há discussões ativas" sobre a venda do Blackwell no mercado chinês, apesar da especulação de um possível acordo para uma versão reduzida do processador.
