Bitcoin recua com tensão EUA-China e puxa queda generalizada no mercado cripto
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs de curto prazo encerraram a quinta-feira com leves quedas, na esteira do resultado abaixo do esperado do indicador de atividade econômica do Banco Central (IBC-Br) para agosto, enquanto as taxas longas avançaram em meio a preocupações persistentes com a política fiscal brasileira, enquanto no exterior os rendimentos dos Treasuries se firmaram em baixa durante a tarde.
No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2027 estava em 14,02%, em baixa de 1 ponto-base ante o ajuste de 14,031% da sessão anterior.
Entre os vencimentos longos, o contrato para janeiro de 2035 tinha taxa de 13,725%, em alta de 4 pontos-base ante 13,686%. Na véspera, o movimento havia sido contrário -- de alta na ponta curta e queda firme na longa.
De acordo com o analista Matheus Spiess, da Empiricus Research, o movimento de queda nesta quinta-feira na ponta curta, apesar de pequeno, foi definido por fatores internos e externos.
No início da sessão, o Banco Central informou que seu Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) subiu 0,4% em agosto ante julho, na série dessazonalizada, menos que o 0,6% projetado por economistas ouvidos pela Reuters. Na comparação com o mesmo mês do ano anterior, o IBC-Br teve alta de 0,1%, enquanto no acumulado em 12 meses registrou um ganho de 3,2%, de acordo com números não dessazonalizados.
“O IBC-Br de hoje, por mais que seja uma desaceleração esperada, veio abaixo do projetado. E como o debate sobre corte de juros em algum momento vai começar, isso ajuda a tirar pressão nos vértices mais curtos”, avaliou Spiess.
Além disso, a queda dos rendimentos dos Treasuries também favorecia o viés negativo na ponta curta da curva brasileira, segundo Spiess.
“Por outro lado, os vértices longos seguem acompanhando a tensão na área fiscal. O governo segue em busca de uma alternativa à medida provisória 1303”, citou Spiess.
Ao ser arquivada pela Câmara dos Deputados, a MP deixou rombos nos Orçamentos de 2025 e 2026, a serem cobertos pelo governo Lula, mas uma solução ainda está sendo discutida. Na quarta-feira, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, defendeu que as partes “incontroversas” da MP sejam retomadas pelo Congresso.
Em outra frente, na quarta-feira o Tribunal de Contas da União (TCU) desobrigou o governo a buscar o centro da meta fiscal em 2025. O alvo para 2025 é de resultado primário zero, com margem de tolerância de 0,25 ponto percentual do Produto Interno Bruto (PIB), o que corresponde a R$31 bilhões para mais ou para menos.
Na prática, um déficit primário de R$31 bilhões é considerado um resultado dentro da meta. Embora a decisão do TCU seja favorável ao governo, parte do mercado avalia que ela não contribui para reduzir o risco fiscal.
Neste cenário, perto do fechamento da sessão a curva brasileira precificava em 99% a probabilidade de manutenção da taxa básica Selic em 15% ao ano na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, no início de novembro.
Pela manhã, durante evento do UBS BB, em Washington, o diretor de Política Monetária do Banco Central, Nilton David, afirmou que os dirigentes da instituição compreendem que a política monetária atual está mais restritiva do que em ciclos anteriores, e desejam que ela permaneça assim.
O diretor lembrou que no fim de 2024 havia questionamentos sobre a eficácia da política monetária e sobre se a economia brasileira estaria em dominância fiscal -- um entendimento que o BC nunca teve, segundo ele.
Por conta disso, conforme David, o BC decidiu ser restritivo "além do que seria necessário de outra forma". "Nós acreditamos que estamos mais restritivos do que em ciclos anteriores... e queremos continuar assim, e ver os efeitos defasados na economia. Esta é a fase em que estamos agora", comentou.
Às 16h38, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 7 pontos-base, a 3,971%.