Bloomberg versus Twitter
Dia positivo para nossa Bolsa, com destaque para exportadoras. Mercado de juros é bem comportado, com recuo de taxas ao longo de toda a curva.
Lá fora, Nova York opera em baixa em dia de noticiário econômico fraco. Investidores dividem atenção entre resultados corporativos e o Twitter de Trump, na expectativa de anteciparem os primeiros passos da nova gestão.
Ganham destaque sinais de que a atenção de Donald está voltada para acordos de comércio internacional: em pauta, renegociação do NAFTA e desistência do Acordo Transpacífico costurado por Obama.
A ver.
Jogo de expectativas
Frustrou-se quem esperava extrair do discurso de posse de Trump, na última sexta-feira, indícios de iniciativas concretas do novo presidente no front econômico.
Por que isso tanto importa? Simples: a r elação Preço/Lucro consolidado do S&P500 segue no maior nível desde o início de 2010.
Sem novos argumentos para chancelar as teses que o mercado abraçou sobre a política econômica do governo recém iniciado, faltam drivers para apostar em altas adicionais por lá.
Penso aqui com meus botões: será que alguém (além de mim) ainda lembra que, durante a campanha, o próprio Donald disse acreditar que há uma bolha no mercado americano de ações?
Goldfajn ensina...
Merecem loas os esforços do BC em melhorar sua comunicação. Dediquei por aqui bom tempo esmiuçando as notas produzidas a partir das diversas declarações de Goldfajn em Davos.
Destaco que foi reiterado o recado: política monetária contribui para a retomada da economia, mas não é e não pode ser vista como único fator. Investimentos e ganhos de produtividade não podem ser deixados de lado.
O pessoal do Banco Central Europeu teria muito a aprender com Ilan.
...Draghi não aprende
Banco Central Alemão aponta que a inflação do país, em base anualizada, deve atingir 2 por cento neste mês de janeiro. É o maior nível desde 2012.
Ainda semana passada falávamos sobre o crescente desconforto que a política monetária de Draghi vem trazendo aos formuladores de política econômica na Alemanha.
É um dos preços da moeda única. Enquanto países de menor influência sofreram reveses por conta do euro, deu-se pouca importância; percebeu-se como um efeito colateral inerente a um projeto cujos benefícios superavam os custos. Resta saber se agora, que a insatisfeita é a toda-poderosa Alemanha, tal entendimento ainda prevalecerá.
Mercado vem demasiado otimista com relação à perspectiva de extensão ad aeternum dos estímulos monetários do BCE. O surgimento de novos fatores de pressão em sentido contrário pode, num futuro próximo, voltar a pesar sobre os mercados por lá.
Adivinha quem é?
Como consequência de tudo que escrevi até aqui, você pode concluir que estou cauteloso com os mercados desenvolvidos. Assumindo esse cenário, para onde o dinheiro vai?
Penso que para mercados com perspectivas de retomada, cuja percepção internacional esteja em tendência de melhora, cujos lucros corporativos estejam excepcionalmente deprimidos por conta de um histórico recente de atividade econômica muito fraca — e, de preferência, que comece a dar primeiros sinais de recuperação.
Você conhece algum mercado assim? Eu sei de um.