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Reforma Tributária Vista Com Simpatia

Publicado 15.07.2021, 09:40
Atualizado 09.07.2023, 07:32

Um bom sistema tributário deve conciliar pelo menos três objetivos, frequentemente conflitantes: simplificar o processo de declaração e controle dos impostos; gerar o menor nível de distorção na operação da economia e ser instrumento de justiça social

Note como a compatibilização destes objetivos é complicada: se a prioridade for para a simplicidade, o imposto sobre transações financeiras, a finada CPMF, seria o campeão. A cada movimentação, pinga centavos no Tesouro, sem evasão ou complicações na declaração pelo contribuinte. Entretanto, o estrago que ela faz sobre os outros dois objetivos é devastador: uma empresa com integração vertical (produz da semente até a colocação do produto no varejo) seria tributada uma vez, ao passo que se a operação se der em etapas sucessivas, a cada avanço, uma cobrança. Ademais, operações de ricos e de pobres pagam a mesma taxa, uma alienação social imperdoável. Não é por outra razão que nenhum país sério a adotou.

Para minorar a distorção na operação da economia com justiça social, melhor tributar o indivíduo do que a empresa. Este enfoque peca no objetivo da simplicidade, afinal é mais fácil controlar a declaração de imposto de milhares de empresas do que de milhões de indivíduos contribuintes. Lamentável, mas assim é o mundo: que a tecnologia seja recrutada por contribuintes e Fisco para enfrentar a complexidade, lembrando que, frequentemente, simplicidade e estupidez caminham de mãos dadas.

Quanto ao objetivo de o sistema ser justo, esta meta é secundária em países como Japão e Dinamarca, pois a distribuição de renda de partida já é bastante equalitária. Mas, no Brasil, o país com a pior relação do mundo entre desenvolvimento e equidade, a mobilização da tributação para mitigar a concentração de renda deve ser prioridade absoluta.

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Estes conceitos devem ser lembrados, quando o governo envia uma proposta de reforma tributária ao Congresso. Apesar de receber críticas justificadas, o projeto tem um mérito central: mesmo os que não a consideram um passo adiante na direção certa, devem aceitar que ela dá um passo atrás da direção errada.

Críticas válidas:  por que fatiar uma reforma, em vez de encaminhar um todo harmônico e completo ao debate? E, com tantos projetos já no Parlamento, versando sobre impostos indiretos, qual o sentido de abrir uma nova frente de conflito, lidando com o espinhoso assunto do imposto de renda? Finalmente, discutir reforma tributária antes de redimensionar a redução do gasto público é tentar cortar, com só uma perna da tesoura; melhor seria fazer a reforma fiscal, onde a tributária seria apenas um capítulo.

Mas, quem já teve oportunidade de negociar propostas econômicas no Congresso sabe que lá o rio não necessariamente corre para o mar. Há que escutar as velhas raposas e encontrar a via de menor resistência. E, como ensina o provérbio chinês, não importa a cor do gato, desde que pegue o rato; talvez, haja fundamento na estratégia de fatiamento.

O que precisa ser dito é que “nunca antes neste país” foi proposto um projeto que ao mesmo tempo alivia a tributação sobre carentes e empresas e tributa a receita dos 5% mais ricos. E o destaque vai para o tratamento proposto a lucros e dividendos: queda substancial do imposto sobre o lucro de empresas e taxação progressiva sobre dividendos, exatamente o reverso da legislação atual. Assim, um banco hoje é tributado em mais de 50% do seu lucro, mas quem recebe seus dividendos é isento. Ora, o banco, como qualquer empresa, é o local onde talentos, tecnologia e criatividade se unem para atender a necessidades do mercado. Como tal, devem receber a menor tributação possível, para que a premiação que recebem dos seus clientes seja reinvestida em mais emprego e na satisfação do consumidor.

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Entretanto, se a escolha legitima dos controladores for por distribuir este lucro, que tais dividendos sejam oferecidos à tributação, de acordo com a tabela progressiva do imposto de renda das pessoas físicas. Enquanto o lucro permanecer gerando riqueza no banco, que seja tributado a 10 ou 15 %. Uma vez distribuído, uma viúva que receberá dividendos gerados por algumas ações herdadas do finado, provavelmente nada deverá ao Fisco. Já os gatos gordos, pagarão pela faixa mais alta da tributação. Como está a lei hoje, a viúva e o controlador sofrem a mesma expropriação, concentrada no lucro do banco, independente do destino que os acionistas estabeleçam para o lucro.

Na busca da progressividade, vão também as propostas de limitar a adoção do lucro presumido somente para empresas menores e a de corrigir, pela inflação passada, as faixas de tributação do imposto sobre pessoas físicas. Aquela, acaba com a injustiça dos controladores de grandes consultorias pagarem proporcionalmente menos imposto de renda do que seus celetistas; a segunda, elimina uma forma calhorda e disfarçada do governo valer-se da inflação para elevar a tributação sobre as classes mais baixas.

Sabemos que a proposta vai ser torpedeada pelos da elite que preferem viver em condomínios fechados, com seguranças à sua volta e em carros blindados, a serem taxados, como ocorre em todas as economias capitalistas modernas. E que será aprimorada pelos parlamentares conscientes, que buscarão mapear os limites do possível. Mas ela só será aprovada se os agraciados com um padrão de vida abastado apoiarem a iniciativa, que pode ter seus defeitos, mas que dará uma feição mais justa à nação que estamos construindo.

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Últimos comentários

Tempo da porra pra incrementar alguma porcentagem a mais nessas unificações de tributos e algumas medidas estrábicas pra intuir uma falsa animosidade do congresso em "modernizar" algo (vide tributação de dividendos, que não reconhece o PL da empresa como atributo mais importante a ser considerado, desconsidera que a estratégia para quem aposta em dividendos envolve reinvestimento pelos investidores dos valores recebidos na corporação e, como exposto em certo estágio no artigo, deixa de tributar milhares de pessoas jurídicas para tributar milhões de pessoas físicas, algo que abriria margem para evasão); enquanto isso, vereadores de Serra da Saudade (vulgo cú do mundo) seguem recebendo 20 salários mínimos mais uma penca de benefícios para colocarem nome em rua; devemos organizar prioridades. Uma boa reforma administrativa daria grave alívio para a fiscal, tiraria pressões sobre a tributária e seria transparente com uma população que será afetada negativamente pela previdenciária.
O Estado moderno (todos os capitalistas) é perdulário demais !! Enquanto no socialismo a tendencia é a distribuição equitativa da renda ( pelo menos teoricamente) nos países capitalistas a renda é concentrada em ,no máximo,   5 %  da população  ! Os 90 % restantes é que sustentam os luxos e confortos e mordomias desta minoria mesmo porque eles não têm tempo disponível ( os pobres ) para usufruir de uma renda mais equalizada !  A melhor reforma seria aquela que estabelecesse ,no máximo, dois ou três impostos para que o contribuinte pudesse fiscalizar e controlar a aplicação dos recursos arrecadados ! Cerca de 2,8 milhões de funcionários públicos, adm públicos, prestadores de serviços públicos (as PPPs), etc,  ganham  o equivalente a 50 % de toda a massa da população que atua na iniciativa privada em salários proventos mordomias ! desse jeito não há imposto que sustente um sistema destes !!!
Esse reforma tributária é péssima! Tem que SIMPLIFICAR e UNIFICAR o tributo para todas as empresas, independentemente do setor! Isso é o que a reforma tributária deveria fazer. Contudo, hoje existem (e pelo visto continuarão existindo) empresas com subsídios ou alíquotas de imposto menores do que outras! Isso é péssimo para o país, pois não há um setor melhor do que outro, além do fato de afugentar possíveis investidores!!! Também não concordo com a tributação dos dividendos, pois isso é BITRIBUTAÇÃO!!!
Bom artigo.
🎶🎵 Um conto de FARDAS... E um Pai Zueiro 🎵🎶
Pode até ser dolorido, mas temos que criar oportunidades duradouras e consistentes as todos, pois se não for assim, poderemos continuar na mesmice como diz a música Esmola do Skank, "Essa quota miserável da avareza, Se o país não for prá cada um, Pode estar certo, Não vai ser prá nenhum..."
Eu avisei que o Guedes é comunista. Avisei lá atrás, quando ele deu entrada na "reforma" da Previdência. Falou em "reforma" da Previdência, pode saber que é comuna.
Enquanto as nações se preocuparem e priorizarem (fingirem que priorizam) o pobre e o vagabundo, vamos continuar entrando nos "tempos difíceis". A necessidade faz o sapo pular...deixe que se virem.
você também é pobre
Quem vê com bons olhos são os privilegiados pela reforma. O mesmo acontece com a ref. administrativa. Quem vê com bons olhos são juízes, promotores, militares, desembargadores, procuradores. Tão explorados, os coitados.
Quem escreveu essa matéria deveria se conectar ao mundo real...CPMF não evita evasão, só se for para pobre e seus pix's da vida...Justiça social é eu ficar com o fruto do meu esforço e os outros com o deles...só conseguir ler o primeiro parágrafo e metade do segundo...
Concordo com quase tudo do texto. Aliás, um dos melhores que li aqui no investing. No entanto, é preciso N generalizar e colocar todos os investidores no msm saco. Acredito que mtos tem patrimônio e dividendos baixos. É justo o cara que tem bilhões de patrimônio e milhões em dividendos mensais pague o msm que alguém que N tem nem 1 milhão de patrimônio e dividendos de menos de 1 mil mensais? Essa N distinção é injusta, assim como a retirada da declaração simplificada p exatamente essa faixa da classe média. Eu com uma conta de padaria rápida calculei que vou pagar 1/3 a mais de imposto só juntando essa questão dos dividendos + IR na versão completa. N creio q um professor da Educação Básica seja parte da elite do Brasil p que isso seja considerado justiça social.
Depois do Jegues enviar um aumento de impostos boçal e lucrar com a queda das acoes, o Congresso transforma o texto em reforma. Claro qie a classe média continua pagando a conta com o fim da declaração simplificada...
concordo. Guedes lucrou muito com a crise, e o dinheiro foi todo pro bolso dos políticos, nada em favor do povo. E essa reforma está é aumentando e não diminui impostos
concordo. Guedes lucrou muito com a crise, e o dinheiro foi todo pro bolso dos políticos, nada em favor do povo. E essa reforma está é aumentando e não diminui impostos
Não tenho opinião formada mas parece que quem ganha entre 10 e 20 mil tá fudido com o aumento do imposto. se fosse pra ser boa deveria ao menos prever a correção automática da tabela pela inflação. agora, dizer que há justiça é equivocado. uma pessoa de classe media e o que é classe média já é uma boa discussão, paga muito com saude, educação e segurança, coisas que deveriam ser fornecidas pelo governo com qualidade mas não são.de novo querem esfolar viva a classe média até que só existam pobres e ricos. o governo deveria se esforçar mais para diminuir a pobreza aumentando a quantidade de famílias na classe média.
De0ois do Jegues enviar um aumento de impostos boçal e lucrar com a queda das acoes, o Congresso faz uma reforma de verdade. Claro qie a classe média continua pagando a conta com o fim da declaração simplificada...
Bancos representam um segmento sanguessuga de toda a sociedade...
 ué, onde foi parar aquele conto de que numa democracia capitalista o poder econômico manda no poder político que manda no poder público que manda nas pessoas?
Alacir, vá estudar!!! O setor financeiro é o que mais paga impostos, sem falar que é fundamental para qualquer economia se desenvolver!!! Tem que tirar mesmo os subsídios de outros setores. Afinal, cada setor tem a sua importância na sociedade! Dito isso, por que motivo um setor pode ser menos taxado do que outro??? Não faz sentido isso!!! E a reforma tributária deve justamente simplificar e UNIFICAR os tributos para que seja justa!!!
 O $TF tirou os juros remuneratórios dos processos e reduziu em dois terços o direito de receber um valor justo pelas partes requerentes ! Deu mais um presentão ao Estado que já é perdulário demais !
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