Chicago ainda não precificou a totalidade da safra recorde
A conjuntura de fatores otimistas segue dando tom baixista ao mercado internacional de soja. No lado técnico, a previsão climática é extremamente favorável neste estágio final da safra nas principais regiões produtoras dos Estados Unidos. Expedições técnicas nos estados do Meio-Oeste americano estão reportando excelentes estimativas de produtividade, refletindo a qualidade satisfatória dos solos, acompanhadas semanalmente pelo Boletim de Progresso de Safra do Departamento de Agricultura Americano (USDA, na sigla em inglês).
Pela ótica de mercado, um dos poucos fatores de influência de alta foi o resultado das exportações americanas de soja nesta semana. Devido à ajustes de vendas passadas no ano comercial que se encerrou na quarta-feira (31) o relatório desta semana trouxe efeitos pontuais na Bolsa de Futuros de Chicago (CBOT). Por outro lado, o Dólar americano segue valorizado face às diversas moedas internacionais. Índice Dólar, que mede esta paridade face à uma cesta de moedas, esteve grande parte da semana acima da faixa de 96 pontos, o que torna as compras em Chicago mais caras para os investidores estrangeiros. Simultaneamente, os fundos de investimentos aceleraram a liquidação de suas posições compradas nos contratos futuros de soja.
Uma vez que a expectativa de safra recorde norte-americana está se confirmando resta pouco espaço para os investidores precificarem negativamente o resultante da oferta de soja disponível no mercado internacional. A crescente influência do fenômeno climático La Niña, que deverá começar a se intensificar no mês de setembro aumentará a preocupação quanto a contribuição que a safra sul-americana poderá oferecer ao longo do verão no hemisfério-sul.
Safra Sul-Americana propiciará melhores preços aos produtores
No meio de setembro se iniciará o plantio da soja para a safra 2016/17. Até dia 15 de setembro estará encerrado o vazio sanitário. Os agricultores estão bastante preocupados com o custo da safra, que este ano deve ser maior do que no ano passado. Alguns produtos como defensivos e sementes subiram incríveis 25%. Cerca de 90% dos agricultores já compraram seus insumos para a próxima safra, mas muitos afirmam que este ano as margens serão menores. Os principais motivos são o valor dos insumos e a valorização do real.
Mas o agricultor brasileiro não pode contar somente com o clima. De acordo com um estudo feito pela equipe Apexsim, neste ano teremos La Niña e a possibilidade do fenômeno trazer uma quebra na safra é altíssima. Assim, a projeção fundamentalista é de uma retomada nos preços no médio prazo mesmo com o início dos trabalhos de colheita nos Estados Unidos.
Nesta safra o produtor brasileiro deverá fazer grandes esforços para aumentar sua produtividade, mas principalmente, deverá saber o melhor momento de negociar. Hoje esta é a maior diferença entre o produtor brasileiro e o produtor americano. O produtor americano sabe negociar melhor sua safra.