SÃO PAULO (Reuters) - O Ministério Público da Suíça transferiu para a Procuradoria-Geral da República (PGR) as investigações contra o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), por suspeita de lavagem de dinheiro e corrupção passiva, informou a PGR nesta quarta-feira.
"As informações do MP da Suíça relatam contas bancárias em nome de Cunha e familiares. As investigações lá se iniciaram em abril deste ano e houve bloqueio de valores. Os autos serão recebidos pelo Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional do Ministério da Justiça e posteriormente serão remetidos à PGR", informou o Ministério Público Federal em nota.
"Com a transferência do processo, o Estado suíço renuncia a sua jurisdição para a causa, que passa a ser do Brasil e de competência do Supremo Tribunal Federal, em virtude da prerrogativa de foro do presidente da Câmara", acrescenta a nota.
Por meio de sua assessoria de imprensa, Cunha disse que não comentará a transferência da investigação da Suíça para o Brasil.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, já denunciou Cunha ao Supremo, acusando-o de receber propina do esquema de corrupção na Petrobras (SA:PETR4).
Um delator da operação Lava Jato, que investiga o esquema, disse ter pago 5 milhões de dólares em propina a Cunha para obter um contrato para fornecimento de navio-sonda para a estatal.
Cunha negou ter recebido propina e rompeu com o governo da presidente Dilma Rousseff após as divulgação das declarações do delator, alegando ser vítima de uma estratégia conjunta do governo e de Janot para constrangê-lo.
(Por Eduardo Simões, com reportagem adicional de Leonardo Goy em Brasília)