Por Claudia Violante
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar mantinha nesta quinta-feira a trajetória de queda ante o real das últimas duas sessões, influenciado pela aprovação da nova rodada de regularização de recursos brasileiros no exterior, o que deve reforçar a expectativa de fluxo positivo ao país.
Às 10:40, o dólar recuava 0,47 por cento, a 3,0526 reais na venda, depois de caído 1 por cento na véspera. No acumulado dos dois pregões anteriores, o dólar caiu 1,39 por cento.
Na mínima do dia, a moeda norte-americana foi a 3,0460 reais, menor patamar intradia desde de 18 de junho de 2015 (3,0292 reais). O dólar futuro perdia cerca de 0,20 por cento nesta manhã.
"O Brasil segue surfando numa onda favorável. O dólar ganhou mais um reforço para sua trajetória de baixa com a aprovação da repatriação, mas a queda a partir de agora, com esse patamar, deve ser mais contida", comentou um profissional sênior da mesa de câmbio de uma corretora nacional.
Na noite passada, a Câmara dos Deputados aprovou o projeto para nova rodada de regularização de ativos mantidos ilegalmente no exterior, a chamada repatriação, programa que rendeu mais de 45 bilhões de reais ao governo no ano passado. Para essa nova fase, existem expectativas de que mais 20 bilhões a 30 bilhões de reais possam ser levantados.
A matéria, no entanto, volta agora ao Senado, por conta das modificações feitas, já que o projeto original é daquela Casa.
Ao longo do último mês, o dólar testou várias vezes o nível de 3,10 reais até conseguir rompê-lo. O atual nível, em torno de 3,05 reais, era indicado por alguns profissionais com novo piso informal do mercado.
"O dólar já caiu bastante e, neste patamar, falta um pouco de fôlego para ir além. Mesmo com a perspectiva de nova repatriação, os volumes não devem ser tão robustos quanto na primeira edição", avaliou a diretora de câmbio da AGK Corretora, Miriam Tavares.
O Banco Central fará novamente nesta sessão leilão de até 6 mil swaps tradicionais --equivalentes à venda futura de dólares--, reforçando a sinalização de que quer rolar apenas parcialmente o vencimento de quase 7 bilhões de contratos em março.
Alguns profissionais acreditam que uma forma de o BC conter um pouco o movimento de recuo do dólar ante o real é repetindo nos próximos meses a redução da rolagem de swaps tradicionais.
"O mercado não acreditava que o BC iria rolar alguma coisa esse mês e, quando anunciou, acabou tendo viés de baixa na moeda. Mas com o dólar nesses preços, ele pode ir diminuindo sua posição em swap", acrescentou Miriam.
No exterior, o dólar caía ante uma cesta de moedas após onze dias de ganhos consecutivos, e tinha leve recuo ante divisas de emergentes, como o peso chileno.