Por Andreas Rinke e Steve Holland
TAORMINA, Itália (Reuters) - Líderes dos principais países industrializados do mundo não conseguiram persuadir o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, a apoiar o Acordo Climático de Paris na cúpula do G7 na Sicília nesta sexta-feira mesmo depois de horas de conversas, descritas pela chanceler alemã como "controversas".
Reunindo-se dias depois de um homem-bomba matar 22 pessoas em um show no norte da Inglaterra, os líderes emitiram um comunicado conjunto sobre o combate ao terrorismo, exortando provedores de serviços de internet e redes sociais a "aumentarem substancialmente" seus esforços para conter conteúdos extremistas.
O anfitrião Paolo Gentiloni, primeiro-ministro da Itália, disse que o grupo também está mais próximo de encontrar uma linguagem em comum sobre o comércio, um tema polêmico entre Trump – eleito com a plataforma "América em Primeiro Lugar" – e os seis outros líderes.
Mas na questão do clima não houve avanço.
"Existe uma questão em aberto, que é a posição dos EUA sobre os acordos climáticos de Paris", disse Gentiloni aos repórteres, referindo-se ao pacto de 2015 para reduzir as emissões de gases de efeito estufa. "Todos os outros confirmaram sua concordância total com o acordo."
Autoridades norte-americanas assinalaram de antemão que Trump, que classificou a mudança climática como um "embuste" durante sua campanha, não iria tomar uma decisão sobre o acordo climático em Taormina.
Mas outros líderes, como a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o novo presidente da França, Emmanuel Macron, esperavam influenciar o colega dos EUA em sua primeira grande cúpula internacional desde que assumiu a Casa Branca, quatro meses atrás.
Merkel descreveu o debate sobre o clima como "controverso". Houve uma troca de opiniões "muito intensa", afirmou.
O conselheiro econômico de Trump, Gary Cohn, disse que as visões de seu chefe sobre o tema estão "evoluindo" e que no final das contas ele irá fazer o que for melhor para seu país.
A cúpula ocorreu um dia depois de Trump criticar aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) por gastarem muito pouco com a defesa e caracterizar o superávit comercial alemão como "muito ruim" em uma reunião com autoridades da União Europeia.
Seu discurso sobre a Otan chocou aliados, que esperavam que ele reafirmasse o comprometimento de Washington com o Artigo 5, a parte do tratado de fundação da aliança militar que descreve um ataque a um de seus membros como um ataque a todos.
Também houve decepção por Trump não ter mencionado a Rússia, que foi expulsa do que então se chamava de G8 em 2014 por causa da anexação da península ucraniana da Crimeia.
Acusações de agências de inteligência dos EUA de que Moscou interveio na eleição norte-americana para ajudar Trump e investigações sobre supostos contatos de sua campanha com autoridades russas vêm atormentando sua Presidência.