SÃO PAULO (Reuters) - A Cooperativa Central Aurora Alimentos, terceira maior produtora de carnes de aves e suínos do Brasil, anunciou nesta terça-feira que paralisará totalmente as atividades das indústrias de processamento de aves e suínos em Santa Catarina, Paraná, Rio Grande do Sul e Mato Grosso do Sul, na quinta e sexta-feira, devido a problemas causados pela greve dos caminhoneiros.
Segundo a Aurora, os bloqueios em estradas, em manifestações que visam pressionar o governo a reduzir tributos do diesel, após uma forte alta do preço do combustível, atingem o setor de transportes nas regiões onde estão instaladas as suas unidades produtivas.
"A suspensão total das atividades tornou-se imperativa e inevitável em razão dos efeitos do movimento grevista que impede a passagem dos caminhões que transportam todos os insumos necessários ao funcionamento das indústrias e, também, o escoamento dos produtos acabados para os portos e os centros de consumo", afirmou a Aurora em nota.
Nos dois dias de paralisação da Aurora, sete indústrias de aves e oito de suínos estarão inoperantes, enquanto 28 mil trabalhadores diretos estarão dispensados temporariamente.
Mais cedo, a vice-presidente e diretor de Mercados da Associação Brasileira da Proteína Animal (ABPA), Ricardo Santin, havia dito à Reuters que oito unidades do setor já estão paradas e outras 30 devem parar na quarta-feira, como consequência dos protestos.
Segundo a Aurora, devido a problemas para escoar os produtos, a capacidade de estocagem dos frigorificados --de 50 mil toneladas-- está exaurida.
"No campo, as famílias rurais são as mais prejudicadas porque o mesmo movimento grevista impede o fornecimento de ração, pintinhos, material genético, remédios aos milhares de produtores rurais, colocando em risco imensos planteis de aves, suínos e bovinos", afirmou a Aurora.
A Aurora afirmou que, mesmo que eventualmente a greve venha a ser encerrada nas próximas horas ou dias, a paralisação das unidades industriais nesta semana não poderá ser cancelada "em face das condições adversas que se criaram ao fluxo normal da produção".
"Tudo isso representa mais de 50 milhões de reais de prejuízos para toda a cadeia produtiva ancorada na Aurora Alimentos...", disse, apelando para que o governo e os manifestantes dialoguem pelo fim dos protestos.
(Por Roberto Samora)