Por Thomas Escritt e Michael Hogan
BERLIM/HAMBURGO (Reuters) - A Alemanha confirmou nesta quinta-feira que encontrou peste suína africana (PSA) em um javali morto nas proximidades da fronteira com a Polônia, ameaçando as exportações de carne suína para a China do maior país produtor da proteína na Europa, avaliadas em 1,2 bilhão de dólares no ano passado.
Autoridades no Estado alemão de Brandemburgo colocaram em quarentena uma área de 15 quilômetros na qual o javali foi encontrado para buscar mais animais mortos, enquanto também restringiram o movimento de animais em fazendas.
A Coreia do Sul, segundo maior comprador de carne suína da Alemanha fora da União Europeia, anunciou rapidamente um veto às importações de carne suína alemã após a notícia.
Embora a doença não seja perigosa para seres humanos, ela é fatal para porcos. Um surto massivo na China, maior produtor de carne suína do mundo, levou ao sacrifício de centenas de milhões de animais.
"A atenção agora está sobre se países importadores, especialmente a China, vão impor restrições às compras de carne de porco alemã", disse Andre Schaefer, da corretora de commodities Kaackterminhandel.
"A China, especialmente, é uma cliente vital para a Alemanha. Se houver vetos às importações, poderemos ver os preços da carne suína sob pressão na Alemanha", afirmou.
Nos primeiros quatro meses de 2020, a Alemanha exportou à China 158 mil toneladas de carne suína, no valor de 424 milhões de euros, o dobro do montante no mesmo período do ano passado, segundo estatísticas oficiais do país.
SEM PÂNICO
A ministra da Agricultura, Julia Kloeckner, disse que Berlim manteve contato durante a noite com a China. A Alemanha não tem um acordo formal com a China sobre a doença, "portanto, estamos em diálogo permanente", afirmou.
A Alemanha está enfatizando "o princípio da regionalidade" no caso, disse ela. Isso significaria eventual imposição de restrições às importações apenas para partes do país atingidas pela doença, acrescentou.
A Alemanha construiu centenas de quilômetros de cercas ao longo da fronteira com a Polônia na tentativa de impedir que a doença se espalhe entre javalis.
Kloeckner disse ainda esperar que as exportações de carne suína alemã para outros países europeus continuem.
O caso "não é motivo para pânico", disse ela, acrescentando que as autoridades estão avaliando intensamente quais medidas precisam ser tomadas para combater a doença e evitar que ela se espalhe para fazendas comerciais de suínos.
"É o caso de um javali de uma área", disse a ministra.