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Chuvas despertam floradas e evitam morte de cafezais no Sul de Minas

Publicado 06.11.2014, 15:54
Atualizado 06.11.2014, 16:00
Chuvas despertam floradas e evitam morte de cafezais no Sul de Minas

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - Floradas nos cafezais do Sul de Minas Gerais, região do Brasil que responde por uma safra do tamanho da colheita da Colômbia, estão ocorrendo com maior frequência e em maiores extensões na última semana, após chuvas que também ajudam a recuperar as lavouras depois de uma das secas mais severas da história, disseram representantes de cooperativas.

No entanto, as floradas, que normalmente nesta época seriam auspiciosas para a próxima safra, ocorrem agora em meio a dúvidas sobre o tamanho da produção do próximo ano, diante dos efeitos da devastadora e prolongada estiagem para os pés de café.

Além disso, em algumas áreas, as flores estão atrasadas ou ainda não apareceram devido à irregularidade das precipitações.

Esses fatores fazem com que os cafeicultores adotem cautela ao falar sobre o tamanho da próxima colheita no Brasil, maior produtor mundial, com muitos ressaltando que a umidade recente serviu mais para evitar a morte das plantas do que gerar alguma expectativa mais positiva para 2015.

"A florada pode até ter sido visualmente bonita, mas não quer dizer que vai ter grande produção. Foi uma florada intensa e bonita, porque saímos de uma seca. Agora, isso vai vingar? Tem condição de ter uma safra muito boa? Não", afirmou à Reuters o gerente de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé, maior cooperativa do Brasil, Mário Ferraz.

Ele explicou que, com as lavouras "depauperadas" pelo déficit hídrico, que ainda é registrado na área de atuação da cooperativa, o ano de 2015 terá uma produção fraca, mesmo que as floradas se revertam em frutos.

Na temporada 2014, a Cooxupé registrou perdas superiores a 30 por cento em sua área de atuação.

A colheita de café do Sul de Minas, que inclui o centro-oeste do Estado, foi estimada em 10,7 milhões de sacas em 2014, segundo a última previsão do governo brasileiro, queda de 20 por cento ante 2013.

"Quantificar isso (a próxima safra) ainda é muito temeroso (difícil). Vai ser ano ímpar, é ano de baixa (no ciclo bianual do arábica)", acrescentou, fazendo eco a outros integrantes do mercado, para quem será possível estimar a próxima safra apenas quando os frutos já tiverem algum desenvolvimento.

Ferraz destacou também que, se as chuvas não continuarem, as recentes floradas não deverão vingar, minimizando ainda mais o potencial da safra.

Chuvas esparsas deverão ocorrer nesta quinta-feira nas áreas de café no Sul de Minas Gerais, devendo ganhar força na próxima semana, segundo a Somar Meteorologia.

FLORADAS IRREGULARES

O diretor técnico da cooperativa Cocatrel, de Três Pontas (MG), Jorge Luis Piedade Nogueira, relatou que as chuvas estão "muito pontuais", com ocorrência de bons volumes de 100 milímetros em alguns lugares do município e de menos de 30 mm em outros, o que afetou as floradas.

"Isso só na nossa região de Três Pontas, há muita diferença entre uma área e outra... Tem uma floradinha muito esquisita, muito desigual, ainda não está dando pra falar", afirmou Nogueira, ressaltando que a seca do último ano afetou bastante as lavouras.

"E aí a gente vê de tudo. As lavouras que estavam esqueletadas, que tomaram essa chuva, têm mais flor, mas em alguns lugares não abriu nada. Está muito desigual, é um ano muito atípico, coisa que nunca vimos."

Para ele, somente entre 20 e 30 por cento das lavouras tiveram floradas em sua região.

Para o diretor da Cocatrel, mais do que despertar floradas, "essas chuvas salvaram" algumas plantas. "As lavouras novas que estavam para morrer, essa chuva veio para salvar."

Em outro município do Sul de Minas, em São Sebastião do Paraíso, os volumes de chuva foram comparativamente maiores em setembro e outubro, e a maior parte das áreas já registrou flores, disse o gerente do Departamento de Café da Cooparaiso, Gilson de Souza.

Segundo ele, as floradas estão em andamento em 60 por cento das lavouras, após o abortamento de uma floração inicial pela falta de chuva.

Ainda que as floradas estejam ocorrendo na região, ele disse que deve acontecer uma quebra de safra de cerca de 30 por cento no ano que vem, na comparação com o potencial produtivo das plantas da região, já contabilizando os efeitos da seca deste ano e das árvores que passaram por poda.

Muitos produtores, vendo a severa seca de 2014, decidiram podar os cafezais apostando em uma melhor produção em 2016.

Souza ressaltou ainda que as chuvas deste início de novembro precisam se manter.

"Não pode falhar, continua acesa a luz amarela, não tem a mínima probabilidade de falar que a situação passou para a luz verde... Está em situação de alerta, a lavoura que passou para a luz vermelha, já passou pelo processo de poda, o restante está na luz amarela."

A Cooparaiso recebe em ge

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - Floradas nos cafezais do Sul de Minas Gerais, região do Brasil que responde por uma safra do tamanho da colheita da Colômbia, estão ocorrendo com maior frequência e em maiores extensões na última semana, após chuvas que também ajudam a recuperar as lavouras depois de uma das secas mais severas da história, disseram representantes de cooperativas.

No entanto, as floradas, que normalmente nesta época seriam auspiciosas para a próxima safra, ocorrem agora em meio a dúvidas sobre o tamanho da produção do próximo ano, diante dos efeitos da devastadora e prolongada estiagem para os pés de café.

Além disso, em algumas áreas, as flores estão atrasadas ou ainda não apareceram devido à irregularidade das precipitações.

Esses fatores fazem com que os cafeicultores adotem cautela ao falar sobre o tamanho da próxima colheita no Brasil, maior produtor mundial, com muitos ressaltando que a umidade recente serviu mais para evitar a morte das plantas do que gerar alguma expectativa mais positiva para 2015.

"A florada pode até ter sido visualmente bonita, mas não quer dizer que vai ter grande produção. Foi uma florada intensa e bonita, porque saímos de uma seca. Agora, isso vai vingar? Tem condição de ter uma safra muito boa? Não", afirmou à Reuters o gerente de Desenvolvimento Técnico da Cooxupé, maior cooperativa do Brasil, Mário Ferraz.

Ele explicou que, com as lavouras "depauperadas" pelo déficit hídrico, que ainda é registrado na área de atuação da cooperativa, o ano de 2015 terá uma produção fraca, mesmo que as floradas se revertam em frutos.

Na temporada 2014, a Cooxupé registrou perdas superiores a 30 por cento em sua área de atuação.

A colheita de café do Sul de Minas, que inclui o centro-oeste do Estado, foi estimada em 10,7 milhões de sacas em 2014, segundo a última previsão do governo brasileiro, queda de 20 por cento ante 2013.

"Quantificar isso (a próxima safra) ainda é muito temeroso (difícil). Vai ser ano ímpar, é ano de baixa (no ciclo bianual do arábica)", acrescentou, fazendo eco a outros integrantes do mercado, para quem será possível estimar a próxima safra apenas quando os frutos já tiverem algum desenvolvimento.

Ferraz destacou também que, se as chuvas não continuarem, as recentes floradas não deverão vingar, minimizando ainda mais o potencial da safra.

Chuvas esparsas deverão ocorrer nesta quinta-feira nas áreas de café no Sul de Minas Gerais, devendo ganhar força na próxima semana, segundo a Somar Meteorologia.

FLORADAS IRREGULARES

O diretor técnico da cooperativa Cocatrel, de Três Pontas (MG), Jorge Luis Piedade Nogueira, relatou que as chuvas estão "muito pontuais", com ocorrência de bons volumes de 100 milímetros em alguns lugares do município e de menos de 30 mm em outros, o que afetou as floradas.

"Isso só na nossa região de Três Pontas, há muita diferença entre uma área e outra... Tem uma floradinha muito esquisita, muito desigual, ainda não está dando pra falar", afirmou Nogueira, ressaltando que a seca do último ano afetou bastante as lavouras.

"E aí a gente vê de tudo. As lavouras que estavam esqueletadas, que tomaram essa chuva, têm mais flor, mas em alguns lugares não abriu nada. Está muito desigual, é um ano muito atípico, coisa que nunca vimos."

Para ele, somente entre 20 e 30 por cento das lavouras tiveram floradas em sua região.

Para o diretor da Cocatrel, mais do que despertar floradas, "essas chuvas salvaram" algumas plantas. "As lavouras novas que estavam para morrer, essa chuva veio para salvar."

Em outro município do Sul de Minas, em São Sebastião do Paraíso, os volumes de chuva foram comparativamente maiores em setembro e outubro, e a maior parte das áreas já registrou flores, disse o gerente do Departamento de Café da Cooparaiso, Gilson de Souza.

Segundo ele, as floradas estão em andamento em 60 por cento das lavouras, após o abortamento de uma floração inicial pela falta de chuva.

Ainda que as floradas estejam ocorrendo na região, ele disse que deve acontecer uma quebra de safra de cerca de 30 por cento no ano que vem, na comparação com o potencial produtivo das plantas da região, já contabilizando os efeitos da seca deste ano e das árvores que passaram por poda.

Muitos produtores, vendo a severa seca de 2014, decidiram podar os cafezais apostando em uma melhor produção em 2016.

Souza ressaltou ainda que as chuvas deste início de novembro precisam se manter.

"Não pode falhar, continua acesa a luz amarela, não tem a mínima probabilidade de falar que a situação passou para a luz verde... Está em situação de alerta, a lavoura que passou para a luz vermelha, já passou pelo processo de poda, o restante está na luz amarela."

A Cooparaiso recebe em geral 1 milhão de sacas de café por ano, atuando em uma área com produção de aproximadamente 4 milhões de sacas, em condições normais de clima.

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