BRASÍLIA (Reuters) - O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE) decidiu nesta quarta-feira desligar o equivalente a cerca de 2 mil megawatts (MW) médios gerados em usinas termelétricas que tenham custo de operação superior a 600 reais por megawatt-hora (MWh).
Com o desligamento dessas usinas mais caras, a partir da zero hora de sábado, o governo estima que o sistema elétrico economizará até 5,5 bilhões de reais até o fim do ano.
Segundo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, um dos principais fatores que levaram à decisão "unânime no comitê" foi a melhora no quadro hidrológico do país.
Em nota, o Ministério de Minas e Energia estima que os reservatórios da região Sudeste e Centro-Oeste devem chegar em novembro, fim do período seco, em 30 por cento da capacidade.
Braga citou ainda, em entrevista a jornalistas, os recordes na geração de energia eólica e o aumento na capacidade instalada de produção como outros fatores.
O direto-geral do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), Hermes Chipp, por sua vez, disse que também colaborou para a decisão a redução da carga no sistema, em meio à queda no consumo de energia pela atividade econômica mais fraca.
CONSUMIDOR
"Com a decisão (de desligar parte das térmicas), a Aneel fará os estudos para apontar, a partir de então, qual será a conduta em relação às bandeiras tarifárias", disse Braga.
As chamadas bandeiras tarifárias repassam para os consumidores a alta no custo da geração. Atualmente, estão em vigor as bandeiras vermelhas, que acrescentam 5,50 reais para cada 100 quilowatt-hora consumido.
Se, eventualmente, a Aneel decidir que o desligamento das térmicas pode fazer mudar as bandeiras para a cor amarela, por exemplo, o custo adicional na tarifa cairia para 2,50 reais para cada 100 quilowatt-hora.
Segundo Braga, ainda permanecem funcionando cerca de 10 mil MW médios de usinas termelétricas, com um custo mais caro, em geral.
"Mas, no momento mais crítico, chegamos a ter 15 mil MW médios funcionando", afirmou o ministro.
Ao todo, serão desligadas 21 usinas a partir de sábado. São elas: Igarapé, Termonorte 2, Bahia I, Sepé Tiaraju, Palmeiras do Goiás, Enguias, Araucária, Muricy, Arembepe, Nutepa, Daia, Petrolina, Goiânia 2, Camaçari, Carioba, Brasília, Potiguar, Potiguar III, Pau Ferro, Termomanaus e Xavantes.
O CMSE manteve em 1,2 por cento o risco de qualquer déficit de energia na região Sudeste/Centro-Oeste este ano, mesmo índice do mês passado.
"Academicamente, existe ainda um risco de 1,2 por cento de déficit no Sudeste, mas na prática o risco este ano é zero", disse Braga.
(Por Leonardo Goy)