Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - O número de créditos de descarbonização (CBios) gerados pelos produtores de biocombustíveis do Brasil e registrados na B3 (SA:B3SA3) superou a marca dos 13 milhões, enquanto as compras pelas distribuidoras não atingiram nem metade da meta obrigatória para o ano, segundo dados disponíveis até esta sexta-feira.
O setor de distribuição de combustíveis teria de comprar este ano 14,9 milhões de CBios, para compensar as emissões de carbono pelos derivados de petróleo vendidos, conforme meta revisada para baixo por conta da pandemia, que inclui também obrigações relativas a alguns dias de 2019.
Mas, até o momento, as distribuidoras têm em mãos 7,28 milhões de créditos, menos da metade do objetivo traçado pelo programa RenovaBio.
Em nota nesta sexta-feira, a União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), que representa as usinas de cana --importantes emissores de CBios--, afirmou que a procura das distribuidoras de combustíveis por compras "ainda está aquém do esperado".
"Apesar da oferta expressiva de CBios por parte dos produtores, nas últimas semanas estamos observando baixa procura pelas distribuidoras", afirmou o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua Rodrigues.
Segundo ele, o mercado de etanol está se recuperando e os produtores continuarão ofertando CBios, com a expectativa de superar a meta prevista para este ano já em novembro, acrescentou.
A meta dos produtores, estabelecida pela reguladora ANP, é de gerar 15 milhões de CBios.
Segundo a entidade que representa produtores de etanol e açúcar no centro-sul do país, o setor investiu em certificação e está cumprindo o seu papel na oferta de CBios. Já são mais de 200 unidades certificadas para emissão de créditos.
A Unica não entrou em detalhes sobre as causas das compras abaixo do esperado pelas distribuidoras de combustíveis.
O volume de negociação de CBios começou a crescer a partir de setembro, após um questionamento sobre tributação dos créditos e uma revisão das metas por conta da pandemia.
O objetivo original para 2020 era praticamente o dobro do atual.
Conforme informações do mercado, o preço do CBio subiu de 30 reais em setembro para 46 reais em outubro, atingindo mais de 60 reais ao final do mês passado.
Procurada, a Associação Brasileira de Downstream não comentou o assunto imediatamente.
(Por Roberto Samora)