🍎 🍕 Menos maçãs, mais pizza 🤔 Já viu recentemente a carteira de Warren Buffett?Veja mais

Conab não vê grandes compras de milho e soja pelo Brasil apesar de isenção de taxa

Publicado 20.10.2020, 18:05
© Reuters. .
ZS
-
ZC
-

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil não deverá realizar importações significativas de soja e milho dos Estados Unidos, apesar de uma isenção de tarifas para compras do produto de fora do Mercosul, afirmou à Reuters nesta terça-feira a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

Segundo a Conab, a isenção da tarifa estabelece um novo teto para o patamar de preços, que estão em níveis recordes no caso da soja, após fortes exportações e elevada demanda interna. As cotações do milho também dispararam.

"Entretanto, os preços da soja são influenciados pelos preços internacionais e a questão cambial será importante para a evolução dos preços no ano que vem", ponderou a estatal, ao responder perguntas por email.

A Conab não detalhou os motivos de sua avaliação sobre as importações, mas o câmbio é visto por analistas ouvidos pela Reuters como um limitador de aquisições no exterior.

A companhia disse ainda que a safra brasileira começa a ser colhida no início do ano que vem, o que também limita compras no mercado externo.

O governo decidiu zerar no final da semana passada a tarifa de 8% para importação de soja e milho de fora do Mercosul. No caso do cereal, a isenção vai até o final do primeiro trimestre de 2021, enquanto para a oleaginosa é válida até 15 de janeiro.

"Para a soja, não se esperam quantidades grandes importadas em curto prazo, mas, sim, limite aos preços. A estimativa da Conab, por enquanto, se mantém entre 300 e 400 mil toneladas até final de dezembro. Em janeiro, já se inicia nova colheita", afirmou.

Limitar a alta de preços do milho e da soja no mercado brasileiro é importante para que as carnes brasileiras se mantenham competitivas, acrescentou a Conab.

"Sem tarifa, a paridade de importação representa, aos produtores de frango e suíno, compra dos principais insumos a preços em relativa equidade com o pago por outros competidores."

A Conab disse ainda que, para a soja, os EUA seriam o único país que poderia exportar soja para o Brasil a um preço competitivo.

"Em relação ao milho, importamos principalmente de países membros do Mercosul, mas com a isenção da TEC (Tarifa Externa Comum) poderemos aumentar as importações de milho dos EUA", afirmou.

De janeiro a setembro, as aquisições de soja pelo país já somaram 528 mil toneladas, conforme dados do governo, que apontam entre os fornecedores países do Mercosul, principalmente o Paraguai. No caso do milho, as compras pelo Brasil já somaram pouco mais de 700 mil toneladas, com Argentina e Paraguai dominando as vendas.

ATRASO NO PLANTIO

Questionada sobre o atraso no plantio de soja da safra 2020/21 em função da seca, se poderia afetar produtividades no maior produtor e exportador global da oleaginosa, a Conab afirmou a equipe de campo "está atenta ao atraso, mas, por enquanto, não se visualiza impacto".

"Nos últimos anos, os produtores brasileiros têm investido na capacidade de plantio e isso também pode mitigar os impactos iniciais desse atraso das chuvas. Além disso, o manejo adequado pode reduzir eventuais problemas ao desenvolvimento pleno das lavouras de soja", detalhou.

Para o milho verão e o algodão, "acompanhamos com atenção se haverá ou não impacto".

ADIDO DO USDA VÊ OBSTÁCULOS

Na véspera, o adido do Departamento de Agricultura norte-americano (USDA, na sigla em inglês) no Brasil publicou relatório no qual disse ver obstáculos às importações de soja e milho dos EUA pelo país, citando o nível dos "spreads" de preços e desafios logísticos e regulatórios.

O adido afirmou que cerca de uma semana antes de a decisão relacionada às tarifas ser anunciada, contatos no Brasil apontaram que operadores avaliavam a possibilidade de compras provenientes da América do Norte, mas que os preços não contribuíam para isso, apesar do desconto de 20 dólares a 25 dólares da oferta de soja dos EUA frente à brasileira.

Entre os empecilhos regulatórios, o representante do USDA destacou que há uma série de diferenças entre as variedades de soja e milho geneticamente modificadas aprovadas no Brasil e EUA.

"Há pelo menos nove variedades biotecnológicas tanto de soja quanto de milho disponíveis comercialmente e aprovadas para cultivo nos EUA que atualmente não são aprovadas no Brasil", afirmou o adido.

© Reuters. .

"Além disso, os terminais portuários de grãos e oleaginosas no Brasil são configurados especificamente para exportações, e a engenharia reversa consome muito tempo e recursos", acrescentou o representante do USDA, que também mencionou a longa distância entre os portos e as unidades de processamento de soja do interior do país, o que "eleva custos e, portanto, também é um fator limitador."

(Reportagem adicional de Gabriel Araujo, em São Paulo, e Julie Ingwersen, em Chicago)

Últimos comentários

Instale nossos aplicativos
Divulgação de riscos: Negociar instrumentos financeiros e/ou criptomoedas envolve riscos elevados, inclusive o risco de perder parte ou todo o valor do investimento, e pode não ser algo indicado e apropriado a todos os investidores. Os preços das criptomoedas são extremamente voláteis e podem ser afetados por fatores externos, como eventos financeiros, regulatórios ou políticos. Negociar com margem aumenta os riscos financeiros.
Antes de decidir operar e negociar instrumentos financeiros ou criptomoedas, você deve se informar completamente sobre os riscos e custos associados a operações e negociações nos mercados financeiros, considerar cuidadosamente seus objetivos de investimento, nível de experiência e apetite de risco; além disso, recomenda-se procurar orientação e conselhos profissionais quando necessário.
A Fusion Media gostaria de lembrar que os dados contidos nesse site não são necessariamente precisos ou atualizados em tempo real. Os dados e preços disponíveis no site não são necessariamente fornecidos por qualquer mercado ou bolsa de valores, mas sim por market makers e, por isso, os preços podem não ser exatos e podem diferir dos preços reais em qualquer mercado, o que significa que são inapropriados para fins de uso em negociações e operações financeiras. A Fusion Media e quaisquer outros colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo não são responsáveis por quaisquer perdas e danos financeiros ou em negociações sofridas como resultado da utilização das informações contidas nesse site.
É proibido utilizar, armazenar, reproduzir, exibir, modificar, transmitir ou distribuir os dados contidos nesse site sem permissão explícita prévia por escrito da Fusion Media e/ou de colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo. Todos os direitos de propriedade intelectual são reservados aos colaboradores/partes fornecedoras de conteúdo e/ou bolsas de valores que fornecem os dados contidos nesse site.
A Fusion Media pode ser compensada pelos anunciantes que aparecem no site com base na interação dos usuários do site com os anúncios publicitários ou entidades anunciantes.
A versão em inglês deste acordo é a versão principal, a qual prevalece sempre que houver alguma discrepância entre a versão em inglês e a versão em português.
© 2007-2024 - Fusion Media Limited. Todos os direitos reservados.