Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A produção de soja do Brasil, principal produto de exportação do país, foi estimada nesta quinta-feira em recorde de 133,7 milhões de toneladas na temporada 2020/21, o que seria um crescimento de 7% ante o ciclo anterior, quando a seca afetou as produtividades no Rio Grande do Sul, de acordo com o primeiro levantamento da estatal Conab para a nova safra.
A estimativa da Companhia Nacional de Abastecimento supera uma previsão de 131,7 milhões de toneladas divulgada nesta quinta-feira pela associação da indústria Abiove, e também é mais otimista do que o apontado em uma pesquisa da Reuters, publicada na véspera, de 132,25 milhões de toneladas. [nS0N2G600K]
Em meio a preços recordes da soja e avançadas vendas antecipadas que já superam metade da safra que começa a ser colhida no início de 2021, a Conab estimou o plantio da oleaginosa em 37,9 milhões de hectares, aumento de cerca de 1 milhão de hectares na comparação com a temporada anterior.
"O ajuste realizado na área plantada é motivado pela elevada rentabilidade obtida pelo produtor em 2020 e à expectativa de sustentação de preços em 2021", disse a Conab, cujo relatório apontou uma ligeira alta ante projeção de 133,5 milhões de toneladas divulgada pela estatal para a nova temporada em evento sobre perspectivas, em agosto.
O país, maior exportador e produtor global de soja, deverá exportar mais de 85 milhões de toneladas em 2021, aumento de 3,7% em relação à última previsão de exportações divulgada pela Conab para 2020, "motivado pelo forte percentual comercializado, até o momento, e à elevada demanda internacional", notadamente da China.
Esse volume de exportação, caso confirmado, superaria um recorde visto em 2018, de mais de 82 milhões de toneladas.
Já o consumo doméstico de soja deverá se manter elevado, "motivado pela recuperação da economia brasileira em 2021, aumento da produção de carnes para exportação e do uso de soja na composição do biodiesel", afirmou a Conab.
"Dessa maneira, espera-se preços elevados no mercado interno para 2021", acrescentou a estatal.
O preço da soja no porto de Paranaguá, um dos referenciais do Brasil, atingiu na véspera um recorde de 159,22 reais por saca, renovando uma máxima histórica batida esta semana, quando superou uma marca de 2012, com a demanda aquecida reduzindo fortemente os estoques, informou o centro de estudos Cepea. Em 12 meses, o valor do produto subiu mais de 80%
A sustentação dos preços ocorre ainda diante ante um atraso no início do plantio da oleaginosa no Brasil, em função de chuvas ainda não regularizadas. A expectativa é de maiores volumes de precipitações a partir da próxima semana.
"A despeito do atraso generalizado no plantio em razão da ausência das chuvas e das previsões que em outubro elas ainda se mantenham instáveis, a expectativa positiva é respaldada pela comercialização característica de um produto com forte liquidez e ao fato dos produtores estarem capitalizados em virtude das excelentes rentabilidades obtidas com a comercialização dos grãos nesta temporada", continuou a Conab.
Segundo a estatal, "está prevista a continuidade do bom desempenho para a temporada que se inicia, respaldada pela forte demanda chinesa, câmbio favorável e preços da soja em um bom patamar, criando um cenário onde os produtores poderão investir mais no pacote tecnológico e melhores cuidados na condução e manejo dos cultivos".
(Por Roberto Samora)