(Corrige cargo do executivo no 1o parágrafo para vice-presidente, em vez de presidente)
SÃO PAULO (Reuters) - A ArcelorMittal está vendo uma sobra de cerca de 1 milhão de toneladas em sua capacidade de produção de aços longos no Brasil e vai fechar no próximo mês um laminador em Piracicaba (SP), enquanto avalia a necessidade de paralisação de mais um equipamento nos próximos meses, disse nesta terça-feira o vice-presidente da companhia Jefferson de Paula.
O executivo afirmou que a usina de laminação de Piracicaba tem dois laminadores com capacidade para 500 mil toneladas cada e que um deles será desligado no próximo mês, com a unidade provavelmente adotando regime de suspensão de contratos de trabalho dos funcionários afetados, em sistema conhecido como "lay off".
Além disso, a companhia está identificando mais 300 mil toneladas em capacidade que precisa ser redirecionada para exportações senão a empresa vai ter de parar mais um laminador.
Mais cedo, o executivo, que também é presidente da divisão de aços longos da ArcelorMittal nas Américas do Sul e Central, havia comentado durante Congresso Brasileiro do Aço que a companhia "provavelmente" iria parar um laminador recentemente instalado na usina mineira de João Monlevade.
Porém, De Paula afirmou pouco depois a jornalistas que a companhia pode levar para Monlevade a produção atualmente realizada em outras unidades uma vez que o equipamento que consumiu investimentos de 270 milhões de dólares para ser instalado oferece uma relação de custo mais competitiva que outras máquinas mais antigas da companhia no país.
"Estamos em fase de início de produção do laminador de Monlevade e vamos ficar mais um mês e meio testando. Temos outras alternativas para não parar o laminador, como levar produção de uma usina para outra", disse o executivo. "Estamos parando um laminador em Piracicaba", acrescentou.
A ArcelorMittal tem dez laminadores de aços longos no Brasil, numa capacidade atual de 3,6 milhões de toneladas por ano.
De Paula afirmou que se a desvalorização do real for maior nos próximos meses, e o câmbio ficar mais perto do patamar de 3,40 a 3,50 reais por dólar, a companhia será mais competitiva e poderá ampliar exportações, minimizando o quadro de excesso de capacidade produtiva.
O plano da ArcelorMittal é elevar a participação das exportações de aços longos de 15 por cento até o final deste ano para cerca de 20 por cento em 2016.
O executivo comentou durante sua apresentação no congresso que a indústria de aços longos no Brasil tem atualmente uma capacidade excedente de 6 milhões de toneladas que vai chegar a 6,6 milhões em 2016 diante da perspectiva de crescimento zero da economia e entrada em operação de novas capacidades projetadas em anos anteriores, quando o mercado de construção civil e indústria da transformação exibiam expansão.