Por Roberto Samora
SÃO PAULO (Reuters) - A exportação total de café do Brasil (verde e industrializado) em 2019/20 atingiu 39,9 milhões de sacas de 60 kg, queda de 3,6% ante o ciclo anterior, que refletiu uma safra menor colhida no ano passado, disse nesta segunda-feira o presidente do Conselho dos Exportadores de Café do Brasil (Cecafé).
Segundo Nelson Carvalhaes, a pandemia de Covid-19 não teve impacto material nos embarques do maior produtor e exportador global de café.
"Tivemos um semestre muito bom, com muita eficiência, bons resultados e dentro da quantidade de café que era possível embarcar para o mercado internacional", declarou ele, em entrevista a jornalistas, por meio de videoconferência.
Apesar do recuo anual, o resultado representa o segundo maior volume embarcado em uma safra da história, atrás apenas da temporada 2018/19, que atingiu 41,4 milhões de sacas, conforme dados do Cecafé.
Carvalhaes lembrou que o ano passado foi período de baixa no ciclo bianual da produção de café arábica, o que impediu maiores embarques na temporada 2019/20, em função de estoque reduzidos.
Após o Brasil ter sido "muito agressivo" na exportação em 2018/19, "fez esforço terrível" para manter seus embarques, em função da baixa disponibilidade.
"Praticamente exaurimos os estoques de arábica (em 2019/20)", disse ele, ao explicar o desempenho da exportação no ano-safra.
A exportação de café arábica do Brasil em junho somou 1,85 mi sacas, queda de 21,3% ante mesmo período do ano passado, segundo o Cecafé, enquanto na safra atingiu 35,9 milhões de sacas, queda de 4% na comparação anual.
"A exportação foi um pouco menor mais em função da oferta de café", concluiu o presidente do Cecafé, que avaliou que a pandemia não afetou a demanda de forma expressiva, embora tenha exigido maiores cuidados, desde a colheita até a exportação.
O dirigente evitou fazer projeções para o novo ano safra, de julho a junho.
Mas afirmou acreditar que, diante de uma grande safra que está sendo colhida neste ano de alta do arábica, o país deverá ter embarques volumosos, principalmente a partir de agosto e setembro, quando o produto da nova safra já estará pronto para embarque.
"Vejo toda a chance de concluir 2020 igual ou até melhor (na exportação de café). Vejo possibilidade, o Brasil fez boas vendas (antecipadas) para o segundo semestre", destacou ele.
Para Carvalhaes, o consumo de café em casa teve incremento "fantástico" em tempos de Covid-19, compensando redução de demanda por hotéis, cafeterias e restaurantes.
"Acho que um vai compensar o outro, e com a abertura paulatina poderá recuperar uma parte do mercado de hotéis, restaurantes e cafeterias", disse.
Na avaliação do presidente do Cecafé, o consumo mundial de café deverá ficar estável em 2020, "até com possível crescimento", mas ele avaliou que é prematuro falar em números neste momento.
"No meio de um problema muito sério (pandemia)... Tudo indica que, pelo que os países estão exportando, acho que este ano o consumo deve ser mantido e haver até um possível crescimento."
Em meio à baixa oferta de arábica, o destaque na exportação de café na temporada 2019/20 foi a variedade robusta, cujos embarques aumentaram quase 23% para 4,4 milhões de sacas no ano completo, segundo os dados do Cecafé.